Bruno Todero/ON
A taxa de mortalidade infantil em Passo Fundo chegou a um patamar histórico em 2009: segundo dados levantados pela Coordenadoria Regional de Saúde, com base em informações da secretaria municipal de Saúde (SMS), o índice alcançado foi de aproximadamente 9,7 óbitos para cada mil crianças com menos de um ano de idade, conforme notícia antecipada por O Nacional em fevereiro. Os dados ainda não são oficiais, estão sendo revisados, e o número, que já está sendo considerado excelente, ainda pode baixar. A expectativa, segundo o setor de vigilância em saúde da SMS, é de que a taxa fique próxima de nove.
A taxa é uma das principais para analisar a saúde de determinado país ou região. Para se ter uma ideia da importância dos números alcançados em Passo Fundo, a média de mortes para cada mil crianças no Brasil é de 23,6, segundo dados da ONU (2008), e 22,58, segundo o CIA World Factbook 2009 (publicação anual da Central Intelligence Agency – CIA - dos Estados Unidos, que contém informações de base sobre os países do mundo). No Estado, que detém a menor taxa no país, o índice é de aproximadamente 13 óbitos para cada mil crianças com até um ano, segundo o IBGE (2009).
Em um passado bastante recente, porém, Passo Fundo não tinha nada o que comemorar na questão da saúde. Em 2005, a taxa de mortalidade infantil da cidade era de 23 mortes para cada mil nascidos vivos, o que colocava a cidade em patamares comparáveis a municípios das regiões Norte e Nordeste do Brasil, as menos desenvolvidas no país. Em apenas cinco anos, o número de óbitos reduziu quase três vezes. “Esse é o índice mais fiel para mostrar como a saúde é tratada no município. Em cinco anos, conseguimos mudar um cenário que era muito preocupante. Essa é a nossa maior confirmação de que o trabalho realizado na saúde foi acertado”, comemora o médico e titular da secretária de Saúde, Alberi Grando.
O que mudou
A taxa de mortalidade infantil vem caindo consideravelmente desde 2005 em Passo Fundo. Em 2009, quando foram divulgados os dados referentes ao ano anterior, o índice já havia baixado para 14 óbitos para cada mil crianças nascidas vivas. Perguntado sobre quais os principais fatores que levaram a esta queda, o secretário Grando elencou alguns aspectos decisivos.
A primeira medida, segundo ele, foi a construção de um diagnóstico sobre o que estava acontecendo com a saúde na cidade. “Queríamos saber por que morriam tantas crianças. Aquele patamar de 23 mortes para cada mil era pior do que alguns municípios do nordeste e muito pior do que a taxa do Estado”, explica.
A segunda ação foi traçar estratégias para diminuir a taxa. “Começamos pelo fortalecimento da assistência básica. Melhoramos o atendimento pré-natal, pois sabemos que o risco de morte do bebê diminui quando a mãe fez pelo menos três ou quatro consultas de pré-natal. Além disso, o pré-natal reduz a chance de a criança nascer pré-matura”, continua.
Segundo o secretário, ainda na segunda etapa, foi dada maior atenção as unidades do Programa Saúde da Família (PSF) e aos Cais, com objetivo de atender melhor as mães e os bebês. “Colocamos agentes de saúde na busca ativa pela gestante. Quando o agente descobria uma gestante, buscava em casa e conduzia até o posto de saúde para fazer o pré-natal. Aliado a isso, fizemos um trabalho de melhorias nos hospitais voltados as gestantes e aos bebês”, revela Grando.
A terceira fase, segundo ele, foi focar no período após a alta da criança do hospital. “Incentivamos o acompanhamento da criança junto aos PSFs. Ampliamos o trabalho de orientação da mãe quanto a importância da vacinação, da amamentação, da hidratação, do aporte de ferro, que são fundamentais para a saúde do bebê. Com isso, conseguimos que estas crianças se desenvolvessem melhor”, finaliza.