Natália Fávero/ON
Os 60 casos de abuso e exploração sexual encaminhados pela Delegacia de Proteção a Criança e Adolescente (Dpca), Conselhos Tutelares, Ministério Público e Juizado da Infância e da Juventude assustam as entidades e órgãos que tentam combater este mal que cresce a cada ano e que vitimizam crianças e adolescentes. A maioria destes crimes acontece dentro de casa e são cometidos principalmente por aqueles que deveriam zelar pela proteção destas crianças. No Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual das Crianças e Adolescentes entidades se uniram para conscientizar familiares e estudantes para a importância de denunciar estes abusos.
Em 2009 foram registrados 161 casos durante todo o ano. Neste ano, 60 crianças e adolescentes sofreram abusos e exploração sexual. A Coordenadora do Centro de Estudos e Proteção a Infância (Cepia), Laura Bordignon, afirma que estes casos estão crescendo na cidade. “Estes 60 casos são os que chegaram até nós fora aqueles que não são denunciados. Infelizmente estes números crescem a cada ano”, disse Laura.
O Cepia é um dos departamentos da ONG Sociedade de Auxílio a Maternidade e a Infância (Sami) que atua há 68 anos na cidade. As crianças e adolescentes vítimas de abuso são encaminhadas para este departamento e recebem oficinas e atendimento psicológico para poder serem reinseridos na sociedade. Muitas destas crianças se sentem culpadas pelos fatos. “As vítimas não são culpadas. Os responsáveis são aqueles que deveriam proteger a criança e acabam cometendo estes abusos”, disse Laura.
A denúncia é fundamental para as crianças e adolescentes receberem atendimento necessário para terem uma vida normal. Laura explicou que estes crimes são cometidos em sua maioria por aqueles que deveriam zelar pela proteção destas vítimas. “Estes abusos geralmente acontecem no ambiente familiar por pais, irmãos ou padrastos”, contou a coordenadora do Cepia.
Município atua na conscientização
Em Passo Fundo, o dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi marcado pela conscientização. Durante o dia de ontem, sob o tema “Esquecer é Permitir, Lembrar é Combater”, a Secretaria de Cidadania e Assistência Social (Semcas) promoveu a entrega de material informativo na cidade, principalmente nas escolas.
O objetivo foi divulgar a rede de proteção que atua no município contra este crime. O secretário da Semcas, Adriano José da Silva várias entidades estão engajadas, entre elas, a Semcas, o Ministério Público, a Brigada Militar, o Conselho Tutelar, o juizado da Infância e Juventude.
Silva também destacou a importância da denúncia. “Geralmente a denúncia é feita no Conselho Tutelar que registra a ocorrência na DPCA. Estas crianças são encaminhadas para avaliação psicológica através do Cepia e a partir disso, é aberto inquérito policial. As crianças e adolescentes recebem atendimento e são encaminhadas para programas”, disse Silva.
Um dos principais problemas é a retirada da denúncia. “Muitas vezes o abusador força a retirada da denúncia e as pessoas por medo acabam concordando. Isso atrapalha o trabalho das entidades envolvidas”, informou o secretário.
Denúncias:
A comunidade pode denunciar através do Cepia, (54) 3312-1275, na Semcas (54) 3312-3070 ou com o Conselho Tutelar pelo (54) 3312-1588.
