Daniela Wiethölter/ON
Pacientes que recebem remédios de graça na farmácia do PAM vivem um drama. Com a falta de medicamentos essenciais para tratamento de doenças crônicas, como epilepsia, hipertensão e diabetes, usuários do SUS tem encontrado dificuldades para manter os tratamentos em dia. O aposentado Ramidio Gonzato, foi ontem até a Farmácia Central do Município em busca dos cinco remédios que consome há mais de 20 anos e se surpreendeu com a falta de todos. “É normal faltar um, dois, mas nunca aconteceu de faltar todos. Agora vou ter que comprar, pois o atendente informou que antes do início de junho não existe a possibilidade de chegar novos lotes”, disse. Gonzato é diabético e hipertenso.
A explicação para a falta dos remédios é o atraso da empresa que venceu a última licitação para aquisição de medicamentos para o município. Segundo o secretário de saúde, Alberi Grando, a empresa não cumpriu o prazo de entrega e sequer entregou o primeiro lote ao município. Para amenizar os problemas, a Prefeitura realizou uma compra emergencial de 50 mil caixas de Tegretol (Carbamazepina), anticonvulsivante que está em falta há mais de dois meses na farmácia do PAM. O secretário informou que desconhecia a falta de medicamentos para hipertensão e diabetes.
Segundo o secretário qualquer cidadão tem o direito de receber medicamentos de graça desde que apresente uma receita médica de posto de saúde ou hospital público. Porém, ele alerta que a gestão da saúde, através do SUS, está cada vez mais difícil, pois o Estado e a União não estão cumprindo com os repasses e promessas. Grando alertou que a população que depende da farmácia do PAM, precisa se conscientizar de que o SUS não pode ser considerado a única opção, devido às freqüentes faltas de financiamentos.
Uma alternativa para quem não conseguiu os medicamentos na farmácia do município é a Farmácia Popular, que possui todos os remédios disponíveis no PAM, a um custo 90% mais barato que nas farmácias privadas. “Por isso, existe a Farmácia Popular. É uma alternativa acessível para suprir esta lacuna que o SUS provoca”, explicou.
Farmácia do Estado
Na farmácia do Estado, que distribui medicamentos especiais, também estão em falta medicamentos para portadores de esclerose múltipla, doença incurável, cujos medicamentos apenas amenizam a ocorrência dos sintomas e a progressão da incapacidade dos pacientes. Os medicamentos podem custar até R$ 6 mil e não são vendido em farmácias comuns, sendo somente fornecido pelo governo estadual.
Na região da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde, pelo menos duas pessoas estão sem a medicação há dois meses. A presidente da Associação de Portadores de Esclerose Múltipla de Passo Fundo e Região, Marilia Mattos, informou que o atraso na entrega chega a dois meses. “Sem estes remédios os pacientes ficam expostos aos surtos, onde podem perder algumas funções essenciais, como a visão ou o equilíbrio para andar”, explicou.
Segundo a presidente, duas pacientes aguardam os medicamentos: Gracimeri Rosso, de Passo Fundo, que há dois meses solicitou a troca da medicação do Repife para o Copaxone. Na farmácia a informação é de que o Copaxone está em falta há mais de 15 dias, com previsão de entrega somente para o mês de junho. Zanete Carpes, do município de Vanini, solicitou o Avonex em outubro do ano passado. O Estado liberou a entrega do remédio no dia 20 de abril, mas até o momento não foi disponibilizado na Farmácia, localizada no antigo Quartel do Exército.
A reportagem não conseguiu contatar com o Coordenador Regional de Saúde, Fabiano Boelner durante toda a tarde desta sexta-feira (21).
Empresa contratada não entregou medicamentos ao município
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