Redação ON
A expressividade no número de participantes do seminário “Quem cuida dos cuidadores de crianças e adolescentes” mostra que o assunto em pauta é atual e reflete a necessidade de cuidar daquelas pessoas que lidam com este público jovem. O evento foi direcionado aos pais, avós, babás, professores e a todos aqueles que de alguma forma lidam com as crianças e adolescentes. Durante o dia foram discutidas as determinantes do comportamento humano na rede social, no adulto, na família e na infância e adolescência, o significado de ser criança e a realização de mesas de ouvidoria para escutar as dificuldades e exemplos que deram certo.
Os médicos psiquiatras Guilherme Modkovski, Érico Hecktheuer, Jorge Luiz Carrão e Rita Maynat Bordin e as psicólogas Tatiane Seibel e Laura Chaves tentaram explicar aos participantes as implicações dos diversos públicos envolvidos com o tema. As professoras Mary Nair Bonatto e Rejane Maria de Almeida Inchoste também tentaram contribuir com as experiências adquiridas ao longo dos anos como educadoras. O médico e terapeuta familiar, Cesar Augusto Detoni apresentou as diferenças entre ser criança e ter infância. O Secretário de Cidadania e Assistência Social, Adriano José da Silva e a voluntária Ligia Mazzoleni também participaram do evento.
A promotora de Justiça da 2ª Promotoria de Justiça Especializada, Infância e Juventude de Passo Fundo, Ana Cristina Cirne disse que eventos como este precisam se repetir. “É um tema muito atual e a expressividade do número de presentes reflete a necessidade de outros encontros”, disse. Um diferencial do evento foram as mesas de ouvidoria que tiveram como objetivo escutar os cuidadores. Uma maneira de descobrir soluções para as dificuldades enfrentadas diariamente por eles e também recolher exemplos que deram certo.
O papel dos cuidadores
Os cuidadores têm um papel fundamental na formação das crianças e adolescentes. O ambiente em que eles estão inseridos contribuem para o desenvolvimento intelectual e psicológico. A médica psiquiatra, Rita Maynat Bordin explicou que cada criança tem um potencial diferente e que precisa ser respeitado.
A família precisa estar mais presente. "Um dos principais problemas são os pais ausentes. A criança acaba se criando sozinha", comentou a psiquiatra.
A escola precisa atender as particularidades dos alunos. Os profissionais precisam ser capacitados para isso. "A escola tem que estar preparada para lidar com a nova geração", disse Rita.
O cuidador precisa ser cuidado
A professora da rede municipal Rejane Maria de Almeida Inchoste que trabalha há 27 anos nesta profissão, arrancou aplausos do público ao falar sobre o que é ser cuidador, orientador e professor. “Ser educador é amar aquilo que fazemos. Amar as crianças, o ambiente em que trabalhamos e a escola. É necessário conhecer a realidade da comunidade e os desafios dela. É preciso se doar”, disse a professora.
Atualmente, Rejane está na direção da Escola Guaracy Barroso Marinho, no Bairro Záchia. Ela explica que quando o aluno chega à escola ele é recebido na porta. Uma maneira de ele se sentir bem e a vontade. Segundo a professora, desta maneira eles perceberão que a escola quer o melhor para eles. “Não é fácil trabalhar em uma comunidade onde os alunos presenciam pais brigando, o pai batendo na mãe ou alcoolizado. Estas atitudes na família prejudicam no aprendizado das crianças”, contou ela.
A professora disse que para o professor lidar com estas situações é preciso que a rede capacite os profissionais. “O educador precisa se alimentado todos os dias. Quando ele está na sala de aula ele precisa ser psicólogo, orientador e professor. É preciso fortalecer o professor para que ele se sinta seguro na sala de aula. E se isso acontecer, quem vai ganhar é o aluno”, comentou Rejane.