Projeto de escola transforma comunidade do interior

Há oito anos a escola Abhramo Angelo Zanotto realiza projeto de reflexão sobre o papel das pessoas em relação ao meio ambiente

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Leonardo Andreoli/ON

Aproximar as pessoas do “meio ambiente” é um dos objetivos do projeto desenvolvido há oito anos pela escola estadual Abhramo Angelo Zanotto, na comunidade de São Roque, interior de Passo Fundo. Na manhã de ontem alunos de primeira a oitava série culminaram as atividades realizadas durante o mês de maio. Maquetes, textos, teatros, além de roupas e objetos produzidos com material reciclado foram apresentados pelos estudantes. A partir do projeto a comunidade de São Roque já se mobilizou para limpar rios e conquistou a coleta seletiva de lixo. No entanto, o esforço em separar os resíduos domésticos tem sofrido uma penalidade. Há cerca de 30 dias o caminhão responsável pela coleta não passa pela localidade e o lixo seco se acumula nos locais de depósito.

O Projeto Meio Ambiente é permanente na escola há oito anos. No mês de maio o trabalho sobre questões ambientais é intensificado. A diretora Adriana Belcamino Ivo explica que o projeto é trabalhado de forma interdisciplinar. “Cada professor trabalha as questões ambientais dentro dos conteúdos normais da disciplina. É bem interessante porque a gente pensa: matemática trabalhando questões ambientais? Sim. Assim como inglês, educação física, português”, destaca. A cada ano os professores se reúnem para apresentarem novas idéias e dados para o trabalho.

Trabalho lento
A professora é realista ao enfatizar que o trabalho de conscientização é demorado. “Temos alunos que começaram na primeira série, outros que já são pais de família, mas não é de um dia para o outro que se consegue resultado. É um trabalho incansável, e tem que ser assim”, opina. Segundo ela a mudança de atitude dos alunos é percebida no dia-a-dia da escola, no cuidado com o pátio. A estudante da oitava série, Karen Brunetto, participa do projeto desde a primeira edição. Apesar de não lembrar dos primeiros anos ela acredita nos resultados da iniciativa. “Desenvolvemos muitas coisas. Meu pai não pode ver nenhum papel no chão que ele manda ajuntar. Com isso aprendemos a ter mais cuidado”, completa.
A professora Adriana define que um dos principais resultados da iniciativa é mostrar às pessoas que cuidar do meio ambiente é responsabilidade de cada um. “Meio ambiente não é a Amazônia apenas. Meio ambiente é onde vivemos, a escola, a casa, o bairro, a parada de ônibus. Não é apenas árvores e animais são as pessoas também. Respeito ao meio ambiente é essencialmente respeito ao ser humano”, observa.

Em casa
Três gerações da família de Dari João Rosso estudaram na escola. Segundo ele o projeto foi responsável por mudanças importantes na comunidade. Um dos primeiros trabalhos realizados foi a limpeza de rios para poder fazer o controle do mosquito borrachudo em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente. “A coleta Seletiva também foi uma luta da comunidade. Não tínhamos onde depositar o lixo. Na cidade o caminhão passa e recolhe, no interior não tínhamos isso. A gente acabava deixando no terreno e com a chuva ia parar nos rios. Vimos que temos o mesmo direito do pessoal da cidade de ter o lixo recolhido e destinado corretamente”, enfatiza. Hoje uma neta de Rosso estuda na escola e é a responsável pela fiscalização das atividades da casa “Quando fazemos alguma coisa errada é ela que corrige a gente”, finaliza.

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