Leonardo Andreoli/ON
O tratamento radical dos ambientalistas da década de 1970 é o responsável por muitos dos avanços nas políticas de preservação existentes atualmente. Se antes era necessário subir em árvores para impedir o corte, hoje administrações e promotorias públicas se apóiam na legislação para tomar decisões que tenham algum tipo de impacto ambiental. Da quase marginalidade, a preocupação ambiental passou a atingir praticamente toda a sociedade. Isso se reflete nas leis brasileiras, e na mudança de atitude do consumidor. Durante a Semana do Meio Ambiente ON irá apresentar os avanços em preservação conseguidos a partir do esforço de muitas pessoas nos últimos 40 anos.
Início
Os movimentos ambientalistas brasileiros surgiram na década de 1970, na grande Porto Alegre. A mobilização de um grupo de pessoas, liderados pelo agrônomo José Lutzemberger, foi responsável pelo fechamento de uma empresa de celulose, que despejava resíduos no Guaíba. Em Passo Fundo o movimento iniciou um pouco mais tarde, em 1980. Glauco Polita, integrante do Grupo Ecológico Guardiões da Vida (GEGV), conta que na época as discussões sobre ecologia ficavam restritas aos grupos. “Com o fortalecimento da legislação, na qual o Brasil é destaque, essa discussão ficou mais ampla o que culminou com a Eco 92. No encontro vários acordos foram firmados dentre eles até acordos de sustentabilidade ambiental e Passo Fundo estava lá com o Sentinela dos Pampas”, lembra.
Evolução
Com o despertar para a necessidade de cuidado, a situação começou a se inverter. Hoje a sociedade se transformou em uma comunidade de ambientalistas, e o radical e marginalizado passou a ser a falta de cuidado com o meio ambiente. Segundo Polita, as pessoas são responsáveis por grande parte das denúncias de crimes ambientais. Para ele, hoje, Passo Fundo quase consegue andar lado a lado com a legislação. “Apesar de toda a evolução muitos cidadãos não perceberam ainda a necessidade dessas mudanças e por isso batemos na tecla da educação”, diz. Ele destaca que para reverter a situação é necessário o envolvimento de todos os setores da sociedade. “O cenário local é muito favorável. Hoje todo mundo é ambientalista. A comunidade se sente perturbada com o desrespeito ao meio ambiente. Esta é uma bandeira de todos”, justifica.
Polita defende ainda que o consumidor tem um papel fundamental na mudança de atitude das empresas. Comprar produtos de empresas que respeitem o meio ambiente, exigir que as indústrias recebam de volta materiais como pilhas e baterias estão entre as iniciativas a serem adotadas. “Temos que ter postura e conduta e não adquirir produtos de quem produz danos ambientais”, completa.
Mudança de atitude
Para o professor de ecologia da UPF, João Grando, todo o movimento desenvolvido nos últimos 40 anos fluiu para dentro das comunidades e criou ramificações. Para ele o trabalho dos administradores públicos e as promotorias de justiça tiveram um papel fundamental. “O Ministério Público de Passo Fundo trabalha há 30 anos para que a responsabilidade das empresas e os administradores sejam cumpridas”, observa. No mundo a Conferência de Estocolmo em 1972, a Eco922, no Rio de Janeiro, e na última década a assinatura do protocolo de Kyoto e a Convenção de Copenhagen, foram os responsáveis pela mudança de atitudes dos governos de várias partes do planeta.