Eles fazem o futuro do planeta

Redução do impacto ambiental é foco de pessoas e empresas que adotam métodos de vida menos agressivos à natureza

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Texto e foto: Leonardo Andreoli/ON

No final de semana em que se encerra a Semana do Meio Ambiente, ON procurou por bons exemplos de pessoas e empresas que se preocupam com a preservação. Empresas que reutilizam água e têm construções projetadas para consumir menos energia. Pessoas que se preocupam com a quantidade de lixo produzido. Cooperativas que separam os resíduos recicláveis e garantem o sustento de diversas famílias. Além disso, buscou dicas simples para que as pessoas possam melhorar a separação do lixo nas residências e, consequentemente, otimizar os processos de reciclagem.
Não foi preciso ir longe. A mãe da jornalista Clarissa Ganzer de ON é um dos exemplos que encontramos. Há 15 anos, Rosália Ganzer, 59 anos, separa todo material seco e reaproveitável e o encaminha para a reciclagem. Ela confessa que no início não pensou muito na questão ambiental, mas nas pessoas que catavam lixo para sobreviver. "Via os catadores revirando o lixo e se expondo. Pensei que eu podia separar em casa para ajudar eles. Tinha um casal que passava todos os dias às 7h30 para pegar o que eu separava", conta. Hoje o método adotado por ela é um pouco diferente. Papéis, plásticos, garrafas, escovas de dentes e tudo que for reciclável é higienizado e armazenado. Depois é encaminhado para uma cooperativa que separa e revende o material.
O processo de devolução das pilhas foi mais complicado. Sem saber aonde levar o que guardava, ela encontrou no Bourbon Shopping uma alternativa. Na entrada da loja estão disponíveis para os clientes recipientes para armazenar pilhas, lâmpadas fluorescentes e óleo de cozinha utilizado. "Tudo que é desperdiçado reflete em você. Às vezes deixamos de fazer uma coisa simples para receber uma inundação", exemplifica. Ela ainda dá a dica: "Tudo que a terra não absorve pode ser transformado. É só guardar e no final do mês você verá a quantidade de material que pode ser reciclado".

O que vira arte
Além da separação do lixo, dona Rosália aproveita parte do material e o transforma em arte. Publicidades de supermercados ou de lojas, que são distribuídos nas ruas ou encartados em jornais, são cortados e transformados em origamis. A técnica foi aprendida no Creati da Universidade de Passo Fundo. Estrelas, guirlandas, caixas de presente são confeccionadas com esse tipo de papel. O recorte e a técnica de dobradura deixam desenhos abstratos parecidos com o das peças que usam papel especial para este fim.

O que garante a sobrevivência
O lixo reciclável é fonte de sobrevivência para pelo menos 1,5 mil famílias de Passo Fundo. Em cooperativas ou no trabalho independente eles percorrem a cidade na tentativa de recuperar o que não é adequadamente separado nas residências. Juliana Pereira da Silva, 25 anos, trabalha com o recolhimento de materiais recicláveis há oito anos. Além dela, o marido e os filhos sobrevivem da venda do que é recolhido. Ela observa que nos últimos anos mais pessoas começaram a fazer a separação. "Muitas ainda misturam. Falta conscientização. O ideal seria as pessoas separarem por tipo - papel, plástico, vidro e orgânico", explica. Segundo ela, no caso do vidro é importante que as pessoas identifiquem para evitar acidentes.
Dados da Sema (Secretaria do Meio Ambiente) apontam que pelo menos 5 mil pessoas sobrevivam hoje do recolhimento e da venda de materiais recicláveis. Na cidade já funcionam de forma legalizada quatro associações - Cotraempo, na Santa Marta; Ama, na Vila Popular; Arev, na Bom Jesus, e Associação das Mulheres em Busca de Vitória, também na Bom Jesus. De acordo com Paulo Pinheiro, coordenador de arborização da Sema essas entidades são incentivadas pela prefeitura com o apoio da Cáritas Diocesana e da Associação Beneficente Ensine a Pescar. O apoio à formação de cooperativas pretende melhorar as condições de trabalho dos catadores.

180 toneladas dia
Conforme dados estatísticos nacionais a produção per capita de lixo é de 900 gramas por dia. Com essa média, estima-se que Passo Fundo produza 180 toneladas de resíduos diariamente. "São triadas cerca de 110 toneladas de lixo bruto por dia. Desse total esperamos recuperar até 40% de materiais recicláveis", estima Pinheiro. Aproximadamente 30 toneladas são recolhidas pelos catadores e o restante se perde de diversas formas. Ele destaca a importância da separação doméstica dos materiais. Mesmo nos locais em que não há coleta seletiva o lixo é recolhido e apenas compactado nos caminhões e encaminhado para a triagem. A coleta seletiva em Passo Fundo conta hoje com três caminhões e funciona por agendamento.

Prédio verde
A preocupação com o impacto ambiental das construções também é uma inovação de algumas empresas de Passo Fundo. Um deles é o IOT (Instituto de Traumatologia e Ortopedia). As instalações da instituição respeitam o conceito de edifício ecológico. Entre as inovações da construção estão a captação da água da chuva, esterilização do lixo hospitalar, radiologia digital para eliminar resíduos químicos, tratamento de efluentes líquidos que devolve água não poluída à natureza, luz natural e vidros refletivos para poupar energia, conforto acústico e acessibilidade universal para pacientes e visitantes com necessidades especiais. Conforme informações do setor de marketing do IOT, muitos desses itens não são obrigatórios pela legislação atual o que reforça o respeito pelo meio ambiente.

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