Texto e foto: Glenda Mendes/ON
A dona de casa Nadir de Oliveira aprovou: "Tem muita coisa bonita e bem feita para a gente ver e comprar". O comentário refere-se à décima edição da Fresol, a Feira de Economia Solidária. Mais uma vez, a exposição de produtos as oficinas foram realizadas na escola Fagundes dos Reis, que recebeu um grande número de visitantes. Dentre eles, dona Nadir, que aproveitou a oportunidade para comprar geléias, erva-mate e feijão produzidos dentro dos moldes da economia solidária.
Além de produtos de alimentação, a feira também teve exposição de produtos de artesanato, elaborados e confeccionados por diversas entidades de Passo Fundo e região. Mas nem só de comercialização a Fresol é feita. Durante os dias de feira também são realizadas oficinas que, mais uma vez, reuniram grande público, na maioria, estudantes.
A adesão a essa prática econômica vem sendo inclusive incentiva pelo governo federal que, por meio do Ministério do Trabalho e Emprego, mantém um programa de auxílio aos economistas solidários. Uma prática econômica em que todos ganham, se preocupam com o meio ambiente e são solidários. A definição parece utopia, mas é princípio básico da economia solidária. Apesar de ainda pouco difundida, essa forma de comercialização e produção já tem diversos adeptos em Passo Fundo e cada vez mais ganha espaço entre as pessoas que buscam e apoiam iniciativas que se baseiam no fator humano e sua interação com o meio ambiente.
A economia solidária pode ocorrer de maneira institucionalizada, quando ações são pensadas e estruturadas a fim de tornar viável a vivência desses princípios a partir de ações de produção e de consumo. Ou pode ocorrer de maneira espontânea, quando as pessoas conseguem ver nas práticas econômicas e comerciais, além do lucro que elas podem gerar, o quanto de bem-estar e qualidade de vida pode ocasionar às pessoas envolvidas e também avaliar se, de algum modo, impacta negativamente o meio ambiente.
Vitrine
Com base nessas ideias, é que esse tipo de economia acontece. E a Fresol é a vitrine para o que é produzido dessa forma. A feira constitui-se em um momento privilegiado de divulgação dessas iniciativas, pois reúne as experiências existentes e as coloca à disposição da comunidade para que as pessoas conheçam, consumam, integrem-se e espalhem a ideia, para que cada vez mais haja envolvimento nesse movimento, em que quem ganha são as pessoas e a natureza.
A iniciativa da realização de uma feira local que reunisse as diferentes experiências existentes em economia solidária ocorreu a partir de um seminário realizado em 1999, que mostrou a necessidade de mostrar para as pessoas o movimento, quem são seus protagonistas, o que fazem, como fazem. Desse modo, no ano seguinte foi realizada a primeira feira, que reuniu em suas últimas edições cerca de cem iniciativas de 20 municípios da região.
Características
Algumas características definem a economia solidária, como a cooperação, que é a existência de interesses e objetivos comuns, a união dos esforços e capacidades, a propriedade coletiva de bens, a partilha dos resultados e a responsabilidade solidária. A autogestão também é muito imporante, uma vez que os participantes das organizações exercitam as práticas participativas dos processos de trabalho, das definições estratégicas e cotidianas dos empreendimentos, da direção e coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses.
De outro lado, o caráter de solidariedade é imprescindível para a economia solidária, pois é expresso em diferentes dimensões, principalmente na justa distribuição dos resultados alcançados e nas oportunidades que levam ao desenvolvimento de capacidades e da melhoria das condições de vida dos participantes.