Texto e foto: Clarissa Ganzer/ON
No dia 17 de junho do ano passado o Supremo Tribunal Federal decidiu, por oito votos a um, pela não obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercício da profissão. Exatamente um ano depois, protestos aconteceram para que a exigência do curso superior seja restabelecida. As manifestações foram organizadas pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e aconteceram em todo o país.
Em Passo Fundo, ontem, estudantes de jornalismo, profissionais formados e representantes do sindicato da classe se reuniram na praça Marechal Floriano para manifestar o descontentamento com a decisão do STF.
Por volta das 10h, o vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas/RS, Jorge Correa, através de um megafone e vestido com uma camiseta preta da Fenaj, dava início ao protesto. “Estamos vestindo preto, estamos de luto”, proferiu. Faixas criticando a deliberação do judiciário brasileiro foram erguidas e, posteriormente, uma caminhada ao redor da praça foi feita.
Segundo Correa, o argumento de que a obrigação do diploma para ser jornalista fere a liberdade de expressão é uma falácia e após um ano nada mudou nas redações do Brasil, que ainda exigem profissionais graduados. “Para a exatidão das informações é necessário jornalistas formados”, garantiu. O vice-presidente se referiu a jornalistas sem formação como paraquedistas e indicou que esses não têm total noção do trabalho que desenvolvem e que não sabem apurar com excelência as informações. “Os paraquedistas não sabem nada sobre isso. A faculdade de jornalismo indica como informar, de maneira ética. Eles vão atropelando as informações”, criticou.
Embora a mobilização tenha reunido cerca de 40 pessoas na cidade, a coordenadora do curso de jornalismo da Universidade de Passo Fundo, Sônia Bertol acredita que a iniciativa é relevante e de interesse não só para a classe. “Sou otimista. A sociedade se ressentiu muito com a decisão e foi pega de surpresa”, disse ela, indicado que a sociedade brasileira poderia ter participado da deliberação. O curso de jornalismo soma cerca de 230 alunos e a participação dos estudantes foi inexpressiva. “Poderíamos ser mais unidos”, lamentou.
PEC
Uma Proposta de Emenda à Constituição, a PEC 386/09 do jornalista e deputado federal Paulo Pimenta (PT- RS), que pretende alterar os dispositivos da Constituição Federal para estabelecer a necessidade do diploma em jornalismo para o exercício da profissão de jornalista, está em apreciação no Congresso Nacional. A representante do sindicato dos jornalistas em Passo Fundo, Soraya Molina afirma que não considerar a conclusão de um curso superior para o cargo é um desrespeito. “Não tem explicação. A PEC mostra a importância do diploma”, finalizou.