Mais um protesto e nenhuma solução

Além dos danos em veículos causados pelos buracos, moradores das margens da rodovia reclamam do surgimento de rachaduras em paredes devido à trepidação causada por veículos pesados que passam pelos buracos

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Leonardo Andreoli/ON

Moradores de bairros próximos à BR-285, no trecho entre o posto da Polícia Rodoviária Federal e o trevo de acesso ao bairro São José, fizeram um protesto na manhã de ontem. Eles pedem a recuperação da via, que tem causado danos a veículos e às residências próximas. O tráfego foi interrompido por 2 horas. Há cerca de um ano, os moradores realizaram um protesto semelhante a favor das obras. Participaram da mobilização moradores dos bairros São José, Coronel Massot, Leonardo Ilha, Parque Farroupilha e São Luiz Gonzaga.

A reivindicação pela recuperação do trecho de 1,7 quilômetro já é feita pela comunidade há cerca de quatro anos. Conforme o presidente da Associação de Moradores do Bairro São José, Fabiano Dias, a responsabilidade pela realização da obra está em um jogo de empurra-empurra entre o Daer (Departamentos Autônomo de Estradas de Rodagem) e o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). "Um joga para o outro, e ninguém quer se envolver. Muitas casas estão apresentando rachaduras por causa da trepidação, quando os veículos mais pesados passam pelos buracos", relata. Motoristas que perdem o controle da direção quando caem nos buracos e pneus estragados não são exceção no trecho. "A população está revoltada. Queremos que resolvam esse problema", enfatiza.

Morador do bairro São José há 33 anos, Ronaldo Auler vê nas paredes de sua oficina mecânica os reflexos dos buracos da rodovia. Ele conta que nos últimos quatro anos, com a deterioração da rodovia, começaram a aparecer rachaduras pelo prédio. "Todos os dias, muitos carros sofrem danos ao passar por aqui", afirma. Vizinho de Auler, José Evaldo, mora no bairro há menos tempo, 12 anos, e compartilha do problema. Rachaduras nas paredes e pilares da casa, o sedimento em alguns lugares do pátio, são, segundo ele, causados pelo mau estado de conservação da rodovia. Ele conta que diariamente recolhe calotas que caem dos carros que não conseguem desviar dos buracos.

Impasse
O vereador Patric Cavalcanti (DEM), um dos organizadores do manifesto, explica que Daer e Dnit têm um impasse sobre de quem é a responsabilidade do trecho. "Desde o ano passado, quando fizemos a primeira manifestação, o Ministério Público Federal abriu um processo administrativo para descobrir de quem é a responsabilidade", lembra. Segundo ele, foi apurado que a responsabilidade pela manutenção da via é do Dnit. "O que nos deixa mais indignados é que eles estão no trevo onde fica o túmulo do Fagundes dos Reis, sentido a Vacaria, fazendo obras. O que custaria eles fazer mais esse 1,7 quilômetro?", questiona.

O argumento do Dnit é de que existe a questão judicial, mas que realmente o Daer devolveu, via judicial, a responsabilidade do trecho para o órgão. "Agora eles alegaram que existe um processo licitatório para a duplicação da via. O processo não sai este ano, mas como ficam os diversos veículos que foram danificados, além do grande processo de insegurança que a comunidade vive?", reforça. A expectativa de Cavalcanti é de que as obras iniciem ainda neste ano, apoiadas pela ação civil promovida pelo MPF.

Na edição de quarta-feira (23) de O Nacional, o engenheiro do Dnit, Adalberto Jurach, concedeu entrevista na qual tratou da questão da duplicação da rodovia. Segundo ele, está em fase final de elaboração o projeto de restauração do trecho, com a substituição da camada asfáltica em ambos os sentidos e a duplicação no sentido UPF-aeroporto. Até o final de julho a licitação deverá ser publicada.

Gostou? Compartilhe