Glenda Mendes/ON
As típicas baixas temperaturas do inverno gaúcho são uma das principais causas do aumento do número de atendimentos por problemas respiratórios nas emergências hospitalares. Entretanto, mesmo com o calendário marcando que a estação é inverno, as temperaturas dos últimos dias estão ultrapassando os 25ºC.
Esse calor fora de época, por sua vez, está propiciando o aumento dos casos de gastroenterite, doença típica do verão. De acordo com informações da assessoria do HSVP (Hospital São Vicente de Paulo), a variação da temperatura, a umidade e a chuva propiciam a proliferação de agentes infecciosos, principalmente os vírus. Nesse contexto, tem sido comum o atendimento de casos de rotavírus nos últimos dias.
Além do clima, outro fator de favorecimento ao aparecimento e proliferação desse vírus é a permanência em ambientes fechados e com pouca ventilação. Segundo a médica Stefânia Simon Sostruznik, gastroenterologista pediátrica e coordenadora da emergência pediátrica do HSVP está a explicação para o número expressivo de crianças com gastroenterite atendidas na emergência.
Segundo os dados do hospital, o mês de junho foi marcado pelo aumento dos atendimentos de pessoas com queixas de febre alta, vômito e diarreia. Na primeira quinzena foram 160 casos de gastroenterite diagnosticados. Entretanto, é possível prevenir o aparecimento da doença, mesmo com a previsão do tempo indicação que a variação climática vai permanecer. De acordo com Stefênia, ingerir água fervida ou mineral, lavar adequadamente os alimentos e manter a criança bem nutrida, evitando lanches rápidos na rua, além de conservar o ambiente limpo e arejado são as principais recomendações. "É preciso aumentar a ingestão de líquidos, como suco, água, chá, além de manter a dieta habitual da criança. O uso de refrigerante deve ser evitado porque aumenta a diarréia. Caso os sintomas persistam, os pais devem procurar atendimento médico", salienta a médica.
Conheça mais sobre a doença
* O que é gastroenterite?
É uma doença diarreica aguda causada por um vírus, RNA vírus da família dos Reoviridae, do gênero Rotavírus. Trata-se de uma das mais importantes causas de diarreia grave em crianças menores de cinco anos no mundo, particularmente nos países em desenvolvimento.
* Quais os sinais e sintomas?
A forma clássica da doença, principalmente na faixa de seis meses a dois anos é caracterizada por uma forma abrupta de vômito, na maioria das vezes há diarreia (caráter aquoso, aspecto gorduroso e explosivo), e a presença de febre alta. Podem ocorrer formas leves e subclínicas nos adultos e formas assintomáticas na fase neonatal e durante os quatro primeiros meses de vida.
* Como se transmite?
São transmitidos pela via fecal-oral, por contato pessoa a pessoa, através de água e alimentos contaminados, por objetos contaminados e provavelmente por propagação aérea, via aerossóis. Há presença de alta concentração do vírus causador da doença nas fezes de crianças infectadas.
* Como tratar?
O paciente deve ser tratado com reposição hidroeletrolítica e manejo dietético adequado. Não é recomendado o uso de antimicrobianos e antidiarreicos.
* Como se prevenir?
• Administrar a vacina contra rotavirus (VORH) em crianças menores de seis meses.
• Lavar sempre as mãos antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular/preparar os alimentos, amamentar, tocar em animais.
• Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos; proteger os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guardar os alimentos em recipientes fechados).
• Guardar a água tratada em vasilhas limpas e de boca estreita para evitar a recontaminação.
• Não utilizar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados.
• Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada, quando não houver coleta de lixo, esse deve ser enterrado.
• Usar sempre a privada, mas se isso não for possível, enterrar as fezes sempre longe dos cursos de água.
• Manter o aleitamento materno aumenta a resistência das crianças contra as diarreias.
• Evitar o desmame precoce.
(Fonte: Ministério da Saúde)