Bruno Todero/ON
Um imóvel abandonado virou sinônimo de problema para os moradores de um trecho da rua Afonso Pena, bairro Petrópolis. Desde que a casa foi desocupada pelos proprietários, no início do ano passado, o local passou a ser usado como refúgio para usuários de drogas e até mesmo de criminosos, principalmente durante a noite. A situação se complicou quando os vizinhos passaram a ser vítimas dos invasores, como comprovam dados da Brigada Militar, que mostram pelo menos três ocorrências registradas no mês de maio nas redondezas da moradia, uma de assalto, outra de arrombamento e a última de furto.
A moradora Sandra Machado, que reside exatamente em frente à casa, disse que a tolerância chegou ao limite quando a filha viu um casal fazendo sexo no local. Ela denunciou o caso para a reportagem de O Nacional, que esteve no endereço, na tarde de ontem. O prédio está completamente em ruínas. Janelas, portas, lâmpadas e até a fiação não existem mais. Sandra conta que tudo foi levado pelos invasores, que pouparam apenas a estrutura, de três andares. "No final da tarde começa a chegar um pessoal que se instala por ali, fazendo tudo o que se pode imaginar", conta.
Sandra revela que os proprietários do imóvel estão morando em Brasília. Eles teriam sido procurados pelos ex-vizinhos para tentar resolver o problema, mas não atenderam ao pedido. "Eu tentei alugar essa casa, mas a dona preferiu manter fechada. Então a casa começou a ser invadida até que ficou desse jeito", disse, referindo-se ao depósito de lixo em que se transformou o local.
Na parte inferior, o que era uma garagem virou um depósito de dejetos, que inclusive já foi incendiado. Nos fundos, a parte inferior de uma espécie de forno agora é usada como abrigo do vento e da chuva. No segundo piso, o banheiro, já sem pia, vaso e chuveiro, foi transformado em ponto de uso de crack, o que se comprova pelos cachimbos encontrados no chão. Na peça que seria um quarto, um retalho de colchão mostra que pessoas continuam dormindo no local, mesmo que no meio da completa imundice, dividindo espaço com camisinhas usadas e marmitas com comida apodrecida.
BM fará monitoramento
Desde ontem, a casa passou a ter atenção especial da Brigada Militar, que fará diligências a fim de identificar possíveis criminosos foragidos ou mesmo práticas ilegais dos invasores. A informação é do comandante interino da Brigada Militar, major Adair Zanotelli. Segundo ele, a prefeitura será procurada para que identifique o proprietário e o notifique, sugerindo inclusive a demolição ou muramento do imóvel.
Proprietário pode ser responsabilizado
O proprietário, mesmo que não faça uso da casa, pode ser responsabilizado por ocorrências que possam vir a acontecer no terreno ou nos arredores. Quem explica é o secretário de Mobilidade Urbana e Segurança, Adelar Aguiar. Ele informou à reportagem que fará uma visita ao local para comprovar os problemas gerados pelo abandono e, em seguida, se for o caso, notificará os donos para que tomem as providências necessárias.