Passo Fundo integra plano para acelerar doações de órgãos

Dois médicos serão responsáveis pela procura por doadores. No Hospital da Cidade e no São Vicente, sistema de monitoramento dos potenciais doadores nas UTIs já foi implantado

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Daniela Wiethölter/ON

A implantação de dois novos programas deve acelerar o processo de doação de órgãos para mais de 270 pessoas que aguardam por um transplante de fígado, rim e córnea em Passo Fundo. As medidas foram anunciadas ontem pelo coordenador do Complexo Regulador do Estado, Eduardo Elsade, responsável pelas centrais de transplantes, de leitos e do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Com recursos do Ministério da saúde, a meta é ampliar em 70% o número de doações até o final de 2010. O primeiro programa prevê o monitoramento dos hospitais gaúchos com um sistema de informatização das internações dos pacientes passíveis de doação de órgãos, especialmente os internados em UTIs (unidades de tratamento intensivo). Segundo o coordenador, o Sistema de Administração Geral dos Hospitais, que já está em funcionamento nos hospitais São Vicente de Paulo e da Cidade, vai antecipar a investigação dos pacientes que possam evoluir para morte encefálica.

O Plano Estadual de Implantação de Organizações de Procura de Órgãos e de Tecidos entra em funcionamento em Passo Fundo, com uma ramificação em Caxias do Sul, nos próximos 60 dias. O coordenador explicou que serão contratados dois médicos intensivistas, que trabalharão possivelmente no HSVP, na busca de potenciais doadores. "Os médicos serão responsáveis por monitorar as UTIs diariamente, buscar doadores, identificar os pacientes e possíveis doadores em diversos hospitais e ainda buscar os órgãos doados em toda a região", explicou Elsade. Para essas atividades, o hospital receberá, em aproximadamente um mês, recursos do governo federal para custear os gastos com o plano.

Diagnóstico
Segundo o coordenador, a maior causa do não aproveitamento de órgãos para transplante vem da complexidade do trabalho realizado nos hospitais. "O diagnóstico de morte encefálica é complicado e exige o acompanhamento de um médico intensivista durante muitas horas, porque existe uma confusão muito grande entre a morte cerebral e o coma. No coma, o cérebro da pessoa está vivo, mas na morte cerebral o sangue não chega até o cérebro e todos os neurônios morrem, o que habilita à doação de órgãos. Por ser um diagnóstico que exige tempo e experiência, é importante termos profissionais contratados com horários exclusivos para captação de órgãos e tecidos", concluiu.

Transplantes no HSVP
No HSVP (Hospital São Vicente de Paulo), atualmente, existem 279 pacientes na lista de espera por um transplante de órgãos, desses, 52 aguardam por um fígado, 82 por um rim e 145 precisam de transplante de córnea. Em 2009, 127 pacientes receberam transplante de córneas, rins, fígado ou segmentos ósseos. Em 2010, foram 93 transplantes.

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