Recicladores reclamam de queda na receita

Associações recicladores de Passo Fundo não estão sendo abastecidas pela coleta seletiva há cerca de dois meses

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Texto e foto: Natália Fávero/ON

Cerca de 30 famílias carentes que integram associações de recicladores de Passo Fundo reclamam prejuízo com a redução no abastecimento de materiais recicláveis. Esse serviço deveria estar sendo feito pelo sistema de coleta seletiva, mas há 70 dias, conforme os catadores, o veículo não aparece em dois galpões. Os associados da Aama (Associação Amigos do Meio Ambiente), na Vila Popular, da Arevi (Associação de Recicladores Esperança da Vitória), na Vila Bom Jesus, e da Cootraempo (Cooperativa Mista de Produção e Trabalho dos Empreendedores Populares), na Santa Marta, têm renda proveniente da comercialização dos materiais recicláveis. O caso mais grave atinge a Aama. Dentro do galpão há apenas algumas folhas de papel e papelão, algumas latas de alumínio e um pouco óleo de cozinha. O valor que há três meses chegava a R$ 380, diminuiu quase pela metade.

Das três associações, duas têm galpões para armazenar os materiais. A Arevi ainda está lutando para construir a sede. Os catadores da Aama e da Cootraempo recebem o material, separam, prensam e o comercializam. A resultado da venda é dividido entre os associados. Os materiais são recolhidos pelas associações em pontos estratégicos e outra parte deveria chegar por intermédio da coleta seletiva do município, em um caminhão da Nova Era, responsável pelo recolhimento do lixo. Um veículo da Secretaria do Meio Ambiente contribui para atender as associações, mas não é suficiente para abastecer os galpões.

A Cootraempo é composta por 11 recicladores e consegue manter, mesmo com dificuldades, um caminhão próprio para fazer a coleta. Já a Aama depende unicamente da ajuda do município. Sem o caminhão da Nova Era, a arrecadação caiu cerca de 30%. Hoje eles coletam apenas 2,5 mil quilos de material reciclável.
Segundo o secretário do projeto TransformAção, Alex José da Silva, formado por diversas entidades que apoiam essas associações, a Aama, inaugurada em 2008, teria capacidade para armazenar 15 toneladas. Hoje a pequena quantidade que chega provém de uma única instituição. "Se a coleta seletiva funcionasse, daria para aumentar o número de famílias beneficiadas. Outras 14 pessoas poderiam trabalhar no galpão", disse Silva.

Mulheres da Aama
A Associação dos Amigos do Meio Ambiente é formada por cinco mulheres. A maior parte da renda das famílias provém dos materiais recicláveis coletados e comercializados pela associação. A vice-presidente Rose Alves disse que antes elas recebiam até R$ 380 por mês, mas com a falta de materiais, o valor caiu para R$ 220,00. Diariamente, novas pessoas pedem para fazer parte da associação, mas a baixa coleta impede a entrada de novos recicladores.
Santa Rodrigues, de 63 anos, tem câncer, dores na coluna, pressão alta e ainda assim trabalha para conseguir sustentar a família. "O dinheiro não dá para pagar os remédios que eu tomo", reclamou a recicladora.

O que diz a Secretaria do Meio Ambiente
Segundo o secretário do Meio Ambiente, Clóvis Alves, o caminhão da coleta seletiva da empresa Nova Era não está funcionando. "Assim que ele foi retirado das ruas pela empresa, nós suspendemos o pagamento e estamos cobrando providências. Esperamos que em uma semana o caminhão seja reposto", disse.
A coleta seletiva está sendo feita em pontos cadastrados por um caminhão da secretaria e um da Cootraempo e que é disponibilizado uma vez por semana para a associação da Vila Bom Jesus e nos demais dias para a Aama.
O secretário admitiu que a coleta seletiva na cidade nunca funcionou. "Para fazer a coleta seletiva seria necessário o dobro da frota. Mas, o próximo contrato, que deverá sair em julho, deverá amenizar a situação", disse Alves.
O novo contrato para o recolhimento de lixo na cidade também prevê a coleta seletiva. Serão 350 contêineres para material reciclável e outros 350 para resíduos orgânicos. O número de caminhões deverá aumentar, e as associações terão de crescer para atender a demanda. Já foram liberados R$ 800 mil para a construção de dois novos galpões nos bairros Donária e Bom Jesus. A construção deverá iniciar em julho.

O que diz a Nova Era
O diretor operacional da Nova Era, Fabíolo Vedana, informou que o caminhão da coleta seletiva da empresa está funcionando normalmente e que não é mais o caminhão-baú que faz a coleta, mas um compactador.

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