Vigilância Sanitária começa a fiscalizar bares e restaurantes

Estabelecimentos que oferecem bufê têm 30 dias para implantar as normas de proteção de alimentos para evitar contaminação da Gripe A. Setor desaprovou as medidas

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Daniela Wiethölter/ON

A vigilância sanitária municipal inicia nesta quinta-feira o trabalho de orientação e fiscalização em restaurantes e bares que oferecem bufê para implantar medidas de prevenção a Gripe A estabelecidas pela portaria 325/2010. A norma criada pela Secretaria Estadual de Saúde já está em vigor desde o dia 22 de junho e obriga a utilização de tampas para os serviços de bufê, manter lavatórios para os clientes em locais estratégicos e equipados com álcool 70% ou outro produto anticéptico equivalente. Também determina isolar os talheres em embalagens individuais, afixar cartazes informativos sobre as formas de contágio e os riscos de se contrair a doença e afastar funcionários que apresentarem sintomas relacionados à gripe como tosse ou corisa da manipulação de alimentos.

Segundo a nutricionista da vigilância sanitária municipal, Cleide Taborda, a nova norma complementa legislação da ANVISA, que já exige uma série de procedimentos para evitar a contaminação dos alimentos. “Esta nova portaria acrescenta algumas medidas específicas contra a gripe A, como a colocação de cartazes que trazem informações aos clientes sobre a importância das medidas higiênicas na prevenção. Mas, continuaremos cobrando todas as outras regras”, explicou.

Os fiscais da vigilância iniciam hoje a visita aos estabelecimentos, segundo a nutricionista. “Vamos percorrer todos os bares e restaurantes que se enquadram na norma, mas aqueles que quiserem se antecipar para ganhar tempo para realizar as obras necessárias, podem retirar uma cópia da norma na vigilância sanitária”, explicou Cleusa.

Restaurantes reclamam
Nos restaurantes de Passo Fundo, a repercussão das mudanças não foi positiva. O presidente do Sindicato de hotéis, restaurantes, bares e similares de Passo Fundo, Daniel Benvegnu Lé, acredita que a medida é necessária, mas também considera que será preciso muito tempo até que empresários do setor e frequentadores se adaptem às novidades. “Não vejo complicações, mas as mudanças vão exigir investimento. Os donos de estabelecimentos pequenos terão muitas dificuldades para aplicar a medida, pois a grande maioria não possui espaço físico para instalar os lavatórios, além dos altos custos dos bufes com tampas”, avaliou o empresário. Outra preocupação é da aceitação dos clientes. “Quem garante que os clientes vão utilizar o lavatório, isso é uma escolha pessoal de cada um. Na verdade, quem tem a responsabilidade de orientar sobre os hábitos de higiene é o poder público e não os estabelecimentos”, finalizou.

O proprietário do restaurante Bain Marie, localizado na praça de alimentação do Shopping Bella Cità, Vilson Motta Waichekoski, não acredita na eficácia da medida. “A iniciativa é boa, mas deveríamos ter sido avisados com mais tempo. Não sei como vamos fazer, pois não tem como implantar este sistema de tampas de uma hora para outra”. Segundo o empresário, o custo destes equipamentos é altíssimo. “No meu caso, o custo seria superior a R$ 60 mil, o que inviabilizaria o meu negócio”, reclamou.

Para a coordenadora do curso de engenharia de alimentos da UPF, Vera Maira Rodrigues, a colocação das tampas não garante o isolamento dos alimentos. “Os alimentos acabam contaminados muitas vezes pelos próprios clientes que não tem o costume de higienizar as mãos antes de se servir no bufê”, explicou. Vera alertou que a melhor forma de prevenção, tanto contra a gripe A quanto para outras doenças gastrointestinais, é higienizar as mãos com álcool gel. “Esta é uma medida importante, mas que os restaurantes não têm como controlar, depende de cada pessoa”, disse a professora.

Gripe
Segundo Centro Estadual de Vigilância em Saúde, no ano passado mais de 7.500 pessoas foram contaminadas pela doença, mas 271 pessoas morreram de gripe A. Em 2010, houve menos de uma dezena de casos confirmados e, até agora, nenhum óbito.

Novas regras (portaria 325/2010)
- os alimentos devem ser tampados, não podendo mais ficar à mostra nos bufês;
- instalação de lavatórios em locais estratégicos para os clientes e equipados com álcool 70% ou outro produto anticéptico equivalente;
- os talheres também devem ser isolados em embalagens individuais;
- talheres, pratos e copos devem ser desinfetados antes da utilização com álcool 70% líquido;
- os locais de refeição precisam conter cartazes informativos sobre as formas de contágio e os riscos de se contrair a doenças e,
- os funcionários que apresentarem sintomas relacionados com a gripe, devem ser afastados da manipulação de alimentos.

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