"Nada acontece, se não houver doador"

Equipe do Hospital São Vicente de Paulo comemora os dez anos do primeiro transplante de fígado

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Redação ON

A frase do funcionário público aposentado Volmecir Fagundes, de 59 anos, que em 28 de outubro de 2000 foi receptor de fígado, define com clareza a oportunidade pela qual esperam os pacientes que estão na fila, à espera pela oportunidade de receber um órgão. Diagnosticado com hepatite C quando procurou ajuda médica para tratar de uma pneumonia, Fagundes teve no transplante a chance de viver uma nova vida.
Do diagnóstico até a cirurgia foram quatro meses, e a preparação para receber o novo órgão provocou mudanças de hábitos. "Li muito sobre o assunto, fazia ioga, meditação, comecei a ver um lado que eu não via", lembra Fagundes. Além da questão psicológica, ele contou com o apoio da família, e grande parte do êxito do transplante, que está prestes a comemorar dez anos, também foi creditado ao fato de ter boas condições físicas. "Sempre tive uma vida regrada", afirma o aposentado, que até hoje agradece à família do doador. "Não existem palavras que possam definir a importância que esse gesto teve em minha vida. Foi graças a eles que, hoje, eu posso ver meus netos."
Quase no mesmo momento em que Fagundes celebra seus dez anos de vida nova, a equipe responsável pela cirurgia também comemora dez anos de novas vidas. No dia 13 de julho, a equipe de transplante de fígado completa uma década de atuação. Para o médico Paulo Reichert, responsável pela equipe de transplante do HSVP (Hospital São Vicente de Paulo), esses dez anos representam trabalho contínuo, de dedicação e comprometimento das pessoas envolvidas no bem valioso, que é a vida de pessoas acometidas por doenças no fígado. "O que nos motiva a continuar salvando as vidas dessas pessoas, mas para salvá-los precisamos de doação", enfatiza o cirurgião.

Busca de mais doadores
Durante esse período, o Rio Grande do Sul passou da vanguarda em doação e transplante para o quinto lugar entre as unidades da federação, isso pela diminuição do número de doadores. De acordo com Reichert, atualmente, São Paulo e Santa Catarina estão mais organizados. Contudo, segundo o cirurgião, o HSVP é o segundo centro transplantador de fígado do Estado e o 17º do país.

Conquistas
Em dez anos, a equipe realizou em torno de 150 transplantes de fígado, o que demonstra que a história da equipe é de conquistas. Outro ponto importante foi a criação da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante, que é aliada fundamental na organização e facilitação do processo de doação. No entanto, há ainda muito para ser feito em termos de conscientização sobre o gesto da doação, visto que mais de 50% das famílias não permitem a doação.

Nascendo de novo aos 14 anos
Tainá Mangolet, 14 anos, chegou ao HSVP em grau avançado de hepatite e precisava de um transplante de fígado com urgência. A doação, que modificou para sempre a vida da menina, veio de um doador de Pelotas, um jovem de 19 anos.
A estudante de Concórdia (SC), que recebeu o órgão em 6 de junho, lembra que descobriu o problema ao consultar um médico, pois sentia muita dor e tinha dificuldade para digerir os alimentos. Para ela, passar por essa situação exige fé e coragem. "Sempre é bom doar, pois, um dia, podemos precisar também", afirma Tainá.

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