Estudante de Passo Fundo recebe prêmio Ajuris

Estudante concorreu com cerca de 30 trabalhos enviados por diversas instituições de ensino superior do Estado à Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul

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Um estudo que envolve um tema polêmico e de muitas controvérsias deu a uma estudante de Passo Fundo o Prêmio Ajuris de Direitos Humanos. Vanessa Moraes, hoje formada em Direito pela Imed, desenvolveu um trabalho acerca das políticas de cotas raciais para inclusão no ensino superior. Além do prêmio, o estudo já mudou a forma de pensar de algumas pessoas que o leram, inclusive da autora. O prêmio foi entregue na manhã de sexta-feira no Fórum de Passo Fundo. Além de certificados, Moraes recebeu um cheque no valor de R$ 10 mil e uma bolsa integral para cursar a Escola Superior da Magistratura da Ajuris.

Tudo começou com um trabalho de faculdade no qual teria de defender as políticas de cotas raciais às quais ela mesma era contra. "Não sabia nem por que, mas eu era contra. E comecei a pesquisar, estudar, com artigos de internet, depois em livros e fui vendo que era contra uma coisa que não entendia. Comecei a entender o que são ações afirmativas, políticas de cotas a partir da minha pesquisa e isso mudou a minha convicção", conta.

Segundo ela as cotas não são a forma mais adequada de inclusão quando trabalhadas isoladamente. "As cotas não vão resolver os problemas da sociedade, mas se o Estado começar a investir na melhoria do ensino fundamental, no ensino médio, e paralelo a isso houver essa política de cotas pra de imediato incluir esses segmentos que sempre foram prejudicados na sociedade, na educação superior, é um caminho que só vai levar a melhoria da sociedade", argumenta.

Resultado
Além do prêmio o trabalho já teve outros resultados. "No começo da pesquisa eu era contra as políticas e até começar a assimilar a ideia diferente é complicado. Todo mundo que leu o trabalho gostou. Teve gente que disse: olha, eu também era contra antes, mas também não sabia por que. Teu trabalho fez com que eu olhasse as políticas de cota de forma diferente", pontua.

O prêmio
O prêmio é uma iniciativa da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) e chegou à terceira edição. Ele visa incentivar a produção científica e fomentar o debate sobre direitos humanos entre os estudantes de graduação em Direito. Conforme o presidente da entidade, João Ricardo dos Santos Costa, o prêmio é uma colaboração que a Ajuris dá para a sociedade gaúcha, no sentido de promover uma cultura de direitos humanos. "Temos uma série de normas internacionais que garantem os direitos humanos e poucas dessas normas são trabalhadas no meio universitário. A universidade local tem demonstrado esse interesse, tanto é que produziu o trabalho ganhador desse prêmio", justifica.
O magistrado salienta que o tema do estudo é extremamente polêmico. "Ela demonstrou muita coragem, percepção em captar as normativas internacionais e a noção de que existe um fator desigualador intransponível na sociedade brasileira que foi a escravidão em relação às cotas raciais", esclarece. Ela abordou o tema no âmbito constitucional e dos direitos humanos, aplicando os princípios da igualdade e da dignidade da pessoa humana.
Para o diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Imed, Henrique Kujawa, o prêmio é o coroamento de um trabalho de seis anos. "Desde o início o curso teve a preocupação de desenvolver um projeto de excelência acadêmica que buscasse formar um excelente operador do direito e ao mesmo tempo em que consigam dialogar com as diferentes questões colocadas pela sociedade", destaca. Segundo ele, a questão dos direitos humanos conta com disciplina própria no currículo do curso de Direito, além de perpassar a reflexão do conjunto das disciplinas.

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