Mãos que enxergam

Associados participaram de oficina para uso do punção, com o objetivo de aprenderem a dominar ferramenta utilizada para a escrita em Braille

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Glenda Mendes/ON

Se os olhos não vêem, as mãos podem enxergar... podem escrever, podem ler. E isso acontece por meio do sistema Braille, utilizado por deficientes visuais para a linguagem escrita. A ferramenta utilizada para escrever em Braille é o punção, uma espécie perfurador com a base de madeira e a ponta de metal, como se fosse uma agulha de costura. Com ele, os portadores de deficiência visual podem imprimir os símbolos que correspondem a cada uma das letras do alfabeto sem a necessidade das máquinas de escrever.

Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar a manipulação do objeto não é algo fácil, embora seja simples. No entanto, confere autonomia às pessoas cegas, que podem fazer do punção uma das principais formas de comunicação, tal como quem pega a caneta e escreve um recado em um papel.

Para aprender a arte de escrever com tal ferramenta, a Associação Passo-fundense de Cegos (Apace) está promovendo uma oficina para os associados e seus familiares. Durante dois dias (ontem e hoje), os participantes da oficina foram orientados pela professora Marilena Assis, que há quatro anos realiza atividades semelhantes a essa em diversas instituições do estado.
Marilena, que é professora das redes estadual e municipal em Porto Alegre há mais de 15 anos, trabalha com salas de recurso e na assessoria de professores que trabalham com alunos cegos. “Realizo este trabalho ao longo da minha vida. Somente durante meu estágio probatório trabalhei com alunos com visão. E agora auxilio as pessoas para que saibam trabalhar com quem tem a deficiência e também com elas próprias, para que possam ter mais autonomia”, comenta.
Fábio Flores, sócio-fundador da Apace é um dos alunos da oficina. “Além de comemorar os 11 anos da associação, completados em 23 de julho, a oficina serve para capacitar melhor os associados”, salienta. De acordo com ele, a Apace tem como uma das principais metas a inclusão, especialmente das crianças em idade escolar. “Queremos prestar um serviço à comunidade, tanto para as pessoas cegas como para seus familiares”, destaca Flores.

“O trabalho realizado pela Apace, especialmente com esta oficina, é maravilhoso”, ressalta Luciana Ricci Cairos, que há sete anos trabalha com os associados. Psicóloga da associação, Luciana acredita no crescimento e na mudança de comportamento para a inclusão. “A mudança tem que vir deles mesmos, para a convivência em grupo, para abrirem-se para o conhecimento”, enfatiza.

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