O mundo é das vovós

Aumento da expectativa de vida influencia diretamente na juventude das atuais vovós

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Glenda Mendes/ON

Cabelos brancos, tricô nas mãos, óculos na ponta do nariz e xale nas costas no vai-e-vem da cadeira de balanços. A figura, que faz parte do imaginário popular quando se fala em avós, não é o mais apropriado para as vovós de hoje. Aumento da qualidade e da expectativa de vida mudaram o perfil das vovós. Elas hoje praticam atividade física, passeiam pelo shopping, vão regularmente ao cinema, não deixam de marcar encontros nas casas das amigas. Se, na década de 1980, a expectativa de vida das mulheres brasileiras mal passava dos 60 anos de idade, nos anos 2000 a média de vida subiu para os 72 anos. É mais de uma década para não aproveitar tudo que está disponível.
A aposentadoria e o tempo livre agora não são mais totalmente dedicados no auxílio aos cuidados com os netos. As vovós têm vida própria. O tricô, embora ainda fazendo parte da rotina de algumas delas, não é mais atividade principal de infinitas tardes em casa, em frente à televisão, acompanhando as novelas. Vovó de hoje está no auge da vida e passou a ser companheira dos netos, dividindo diversas atividades, inclusive o desempenho em frente ao computador.
Uma dessas vovós, que embora tenha assumido o papel na ajuda para a criação dos netos, mas que não deixou a própria vida de lado é dona Salete Tonial. Além de companheira da neta nos passeios de bicicleta pelas praças de Passo Fundo, ela não perde as estréias do teatro e não deixa de lado as amizades.

“Sou uma vovó normal”

É assim que dona Salete se descreve quando a pergunta é como ela se sente sendo vovó. “Sou vovó da Alice. Amo ser vovó”, ressalta. Mas, nem por isso, você a encontra encolhida no sofá esperando os netos aparecerem em casa. Desde que soube da notícia sobre o nascimento da neta Alice, há mais de 11 anos, ela incorporou o papel de vovó, ajudou na criação e hoje se define como amiga da neta.
“Na época, a notícia chegou de sopetão, porque o meu filho tinha apenas 18 anos e eu trabalhava com o meu marido, então nem pensava muito em como seria. O meu filho mais velho era solteiro e o mais novo era ainda uma criança, nem me passava pela cabeça ser vovó. Mas daí, quando vi, ela veio”, conta dona Salete.
Mas a surpresa da notícia transformou-se em festa pela chegada de Alice. “Ela foi muito bem recebida, pelas duas famílias, foi uma festa a chegada dela e então comecei a ver como era ser avó. Foi muito boa a chegada de Alice na família”, salienta. A vontade de ser vovó foi algo natural na vida de dona Salete. “Eu sou muito família, adoro filhos, netos, família para mim é tudo”, ressalta.

Minha neta, minha amiga
“A Alice eu ajudei a criar desde pequena. Ela não morou comigo, mas eu acompanho desde que ela nasceu. Eles deixavam ela aqui comigo. Eu levava para a escolinha, buscava da escolinha, e daí a minha nora vinha pegar ela aqui para ir para casa. Sabe como é a luta de filhos pequenos, né...”, define dona Salete. Os anos e o tempo dedicado à neta renderam inúmeras recompensas. Hoje, os laços criados entre as duas mostram que, mais do que parentesco, as duas são amiga, se entendem, trocam experiências. “Eu virei criança com ela, eu brinco. Nós nos divertimos muito, saímos tomar sorvete, vamos passear na praça de bicicleta e ela me ensina a usar o computador”, conta.

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