Redação/ON
Este ano as escolas estaduais viveram um grande problema: a falta de professores em diversas áreas, deixando alunos sem aulas e sem notas no boletim em algumas disciplinas no primeiro trimestre do ano. Além disso, o aumento da carga horária das escolas, de quatro para cinco períodos diários, trouxe a necessidades de aumentar o quadro de professores de todas as escolas.
Entretanto, no segundo semestre a situação é diferente. Depois das férias de inverno, a grande maioria dos problemas de falta de professores foi sanada. Os quadros estão praticamente completos nas escolas. A dificuldade encontrada no primeiro semestre deste ano revelou uma realidade. A principal delas é a falta de interesse em seguir a carreira de professor. Aliado a isso, está a falta de preparação e conhecimento prático da atividade, junto com uma mudança global no comportamento dos alunos, que hoje tem o acesso facilitado a um número muito maior de informações vindas de fora da escola.
Um dos exemplos é o que aconteceu com a Escola Estadual Monteiro Lobato que, por pelo menos duas vezes, teve professores que ministraram aulas por apenas uma semana e desistiram da vaga. Para o diretor da escola, Olmir Fonini, questões como salário e morosidade no processo de efetivação da contratação é o que causaram as desistências. “O problema que temos não é necessidade de substituir um professor porque algum ficou doente, por exemplo. O salário é muito baixo, o professor arruma emprego em outro lugar com melhor salário e vai embora e isso está ocasionando o problema”, explica.
Para ele, a situação é preocupante, porque o quadro de profissionais não está passando por uma renovação. “O salário pago para um professor dar aula é vergonhoso e isso contribui para a desorganização. Além disso, não temos renovação. Nós, veteranos, amanhã ou depois vamos embora. Eu realmente estou preocupado com isso”, destaca Fonini.
O diretor afirma ainda que em 11 anos na direção da escola não tinha passado por um problema tão sério como o que passou este ano. “Problemas graves assim, este foi o primeiro ano que tivemos. A Coordenadoria até agilizou as contratações, mas existe uma demora para liberar e o professor, às vezes, tem que trabalhar sem ganhar por alguns dias para suprir a necessidade. São transtornos que eu nunca vi nas escolas uma situação assim”, ressalta.
Para Fonini, a principal preocupação é com a qualidade de ensino. “Eu vejo a educação hoje em um caminho muito perigoso, quando se precisa de um professor para repor. O processo do estado é muito lento e não existe gente nova querendo ficar”, enfatiza.
Dificuldade
A dificuldade descrita pelo diretor é semelhante à encontrada pela 7ª Coordenadoria Regional de Educação para suprir a necessidade de todas as escolas. Conforme a CRE, uma série de fatores pode ser apontada como justificativa para o problema: a recusa em assumir uma turma por ser difícil trabalhar com diversos alunos ao mesmo tempo, as poucas ferramentas de trabalho frente a facilidade de acesso à informação por parte dos alunos, a falta de preparação para enfrentar as individualidades em uma sala de aula e a pouca experiência no trabalho.
De acordo com a CRE, todo o empenho foi empreendido no sentido de completar os quadros de professores das escolas estaduais, mas entraves como a desistência de recém-contratados deixam o processo mais lento e burocrático. Além disso, este ano a situação foi diferente, com o aumento da carga horária e a inclusão das aulas de língua espanhola, que trouxeram a necessidade de uma contratação de um número ainda maior de professores.