Integrante da família

Até que ponto a ?EURoehumanização?EUR? dos bichos passa de um cuidado especial para um risco à saúde animal

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Juliana Acco

Roupas, sapatos, acessórios, perfumes, hidratantes, xampus e sabonetes específicos, além de uma conta bem gorda em um estabelecimento de beleza. Engana-se quem acha que isso é uma descrição de produtos utilizados por pessoas, mais especificamente mulheres. A descrição não passa de serviços oferecidos à animais.

Tratar bichos como seres humanos não é mais um hábito incomum. Muitos animais domésticos são considerados filhos pelos seus donos, ou no mínimo parte da família e são tratados como tais. Banhos semanais, perfumes, tratamento para o pêlo e até mesmo concursos de beleza fazem parte da rotina dos bichos. Mas, até que ponto essa “humanização” passa de um tratamento especial a um malefício à saúde.

A primeira preocupação de especialistas é com a alimentação. Acostumados a receber a mesma comida consumida pelos donos, os animais podem desenvolver vários tipos de doenças. Segundo a médica veterinária Daniela Pimentel Chaves, o consumo excessivo de alimentos como pão, biscoito, embutidos em geral e açúcar podem gerar problemas como obesidade, diabetes, problemas de articulação, problemas cardiovasculares e pressão alta. O leite também não é indicado ao consumo, principalmente de cães adultos, os quais a intolerância a lactose é comum. Mas entre todos os alimentos, nenhum deles é tão perigoso quanto o chocolate, que contém Teobromina, uma substância extremamente prejudicial à saúde dos cães. Dependendo do tamanho do animal, não é necessário grandes quantidades para causar intoxicação. Uma barra de chocolate de 180 gramas pode ser fatal em um cão de porte grande como um Labrador.

A convivência íntima com os animais exige também uma rotina de higienização, por esse motivo é de costume que cães e gatos tomem banhos frequentes, o que pode prejudicar a imunidade do animal, além de possíveis alergias e irritações, mesmo com a utilização de produtos específicos. Procedimentos estéticos comuns como corte da cauda e orelhas de cães e retirada das unhas de gatos foram proibidos pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), por submeterem os animais a cirurgias consideradas desnecessárias.

Com o clima frio, natural da estação, um dos acessórios mais vendidos em Pets Shop são as roupas, que além de ser um produto estético, também aquece os animais. Mas o uso de agasalhos exige um cuidado especial segundo a veterinária. “Não existem restrições ao uso de roupinhas, mas é sempre importante ter um cuidado, principalmente em animais com pêlo longo. Não deve-se deixar a roupa sem tirar por muito tempo, caso contrário, o pêlo pode embolar e criar fungos que irão prejudicar a pele”. Filhos, melhores amigos ou simplesmente bichos, cada um pode considerar seu animal de estimação da forma que quiser, mas limites são importantes para acontecer uma posse responsável. Tratar bem não necessita de exageros.

Psicologia animal
A falta de cuidados com a saúde do animal doméstico pode causar problemas psicológicos e comportamentais. Segundo o adestrador profissional Juliano Alves de Souza, estresse e depressão em animais que vivem fechados é comum. “Os cães necessitam se movimentar, gastar energia. O animal que vive dentro de um apartamento e não tem uma rotina de passeio acaba tendo problemas como auto flagelo”.

Naturalmente o cachorro era um animal que vivia em bando e dentro dessa matilha existia a disputa pela liderança. “Hoje os cães enxergam a família como sua matilha. Existem casos em que o animal se sente como o líder e assim passa a ter um comportamento agressivo toda vez que sentir que a sua liderança esta sendo ameaçada. Outro fator que pode tornar o cão agressivo é o medo e a agressividade passa a ser um mecanismo de defesa do animal”.
O adestrador elabora uma série de exercícios que fazem com que o cachorro entenda a partir da recompensa. “Quando o cão é agressivo, o dono deve repreender o animal com uma ameaça, mas sem utilizar força. Quando ele agir normalmente, se faz um carinho, como uma recompensa e assim ele vai entender que está certo. O cão precisa confiar no seu dono, assim ele terá um comportamento natural”, disse.

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