Glenda Mendes/ON
O sorriso vem fácil. E as lágrimas também. A sensibilidade à flor da pele. E muito, mas muito a mostrar que o que nos torna iguais como seres humanos são as nossas diferenças. Somos de diferentes cores, tamanhos, preferências. Temos dias bons e dias ruins. Mas todos somos abertos a um abraço, uma palavra amiga, um olhar de compreensão. Para muitos, o que falta é apenas a oportunidade de mostrar tudo isso. Talvez pelo preconceito de quem não quer ver e conviver com a diferença, pessoas com alguma deficiência não sejam vistas como iguais. Contudo, elas têm muito a ensinar. Basta ter um pouco de atenção e observar que não é preciso muito para dar valor por acordar todos os dias. Mesmo com as limitações no falar, no caminhar e até em se expressar, elas mostram no rosto o que há de mais precioso: o sorriso. E para sorrirem, basta que as olhemos. Não é preciso nem lhes estender a mão, porque elas nos estendem. Mostram que não há nada tão bonito quanto poder ajudar, poder entender. Mais que isso, dão uma lição de vida.
A lição foi construída com cada uma das palavras apresentadas em forma de teatro, onde os pequenos atores da Apae sabiamente ensinaram que o lixo precisa ser separado e que não poluir é tarefa de todos. Vidro, papel, alumínio, plástico, resíduos orgânicos, cada um em seu lugar. Na representação dos alunos, cada um aprendeu que o que não pode ser reaproveitado, pode ser transformado. As garrafas plásticas podem ser utilizadas para armazenar água na geladeira, ou serem transformadas em belas floreiras. O mesmo com o papel, que na oficina de reciclagem é transformado em cartões. A apresentação foi uma das atividades em comemoração à Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, que teve como tema Oportunidade: um sopro para ir além.
Se no palco todos estavam concentrados, na plateia, olhos atentos... sem esquecer dos lindos sorrisos assim que terminava cada apresentação, que sempre era condecorada com diversas salvas de palmas. Mas os aplausos não foram somente para os atores, que representaram a separação do lixo, o sol, a água, as flores, as árvores. A grande salva de palmas é para todos que fazem da Apae de Passo Fundo um espetáculo da vida construído a cada dia, em cada sala de aula, em cada oficina, em cada atendimento. E, certamente, para cada rosto sorridente que ensina o que aprende sem medo, que mesmo com a dificuldade em descer os poucos degraus que os elevavam no palco, tinham a satisfação de mostrar que uma pequena lição pode valer para toda a vida.
Uma árvore para o futuro
Depois de viverem os papéis de atores e plateia, alunos, funcionários, professores e colaboradores, viraram ecologistas. O palco então escolhido foi o pátio interno da entidade. Lá, uma bela muda de árvore de canela esperava para ser plantada. Ao chamado da diretora da escola, Maria Arlete Pereira, todos se aproximaram. Cada um queria dar a sua contribuição, colocando um pouquinho de terra.
A expectativa agora é que a muda se transforme em árvore e que traga, com a sua sombra, um recanto para a paz e a tranquilidade. Além disso, a certeza que ela verá muitas vidas sendo transformadas, melhoradas e como disse a diretora, "que seja a marca de um momento muito importante".