Redação/ON
Nacionalmente as notícias de queimadas têm deixado a população em alerta. Focos de incêndio que começam em lavouras acabam se alastrando e atingem áreas de florestas e de preservação. Além disso, a fumaça oriunda dessas queimadas está influenciando diretamente a variação climática, deixando o céu encoberto até mesmo nas regiões onde as queimadas não são usuais.
É isso que tem acontecido com Passo Fundo e as demais cidades da região Norte do Rio Grande do Sul. De acordo com o major Gilcei Leal da Silva, do Corpo de Bombeiros de Passo Fundo, a ocorrência de foco de incêndio em vegetação este ano está semelhante à do ano passado, provando que a fumaça que está atmosfera está vindo de mais longe.
No ano passado foram registrados 181 focos de incêndio em vegetação, sendo 20 no mês de agosto. Este ano, até o início da tarde de ontem, foram 155 chamados para ocorrências de fogo em mato, sendo 28 no mês de agosto. "Essa notícia das queimadas tomou rotina no Brasil porque a região Sudeste está com problema. Mas não é muito típico do Rio Grande do Sul o hábito. No Sudeste, especialmente São Paulo e Minas Gerais, e no Mato Grosso, existe o costume de queimar a lavoura na entressafra. Este ano deu problema, porque teve uma estiagem e os ventos trouxeram para o Sul do Brasil um pouco dessa névoa", explica o major.
De acordo com ele, embora a região esteja sofrendo com o clima seco e a fumaça, os focos de incêndio em vegetação que acontecem por aqui não têm as mesmas características das queimadas do centro do país. "A nossa região está dentro da normalidade e os focos não são em lavouras. O nosso foco de incêndio é em terreno baldio, perimetral de rodovia, em lixo, muito diferente do que está acontecendo lá", salienta.
Contudo, nos meses de outubro a janeiro o número de ocorrências em Passo Fundo costuma aumentar, em virtude do calor que facilita que o solo e a vegetação fiquem secos. Com isso, a chance de um toco de cigarro jogado na rodovia, por exemplo, transformar-se em foco de incêndio em vegetação, é ainda maior.
Tradição que é crime
Embora as queimadas em lavouras ainda sejam tradicionalmente utilizadas no Sudeste e em outras regiões, a prática configura crime ambiental. "Nós não temos uma rotina no Sul, a não ser ocasiões isoladas, mas não é hábito dos agricultores desde a década de 80 a colocação de fogo para limpar lavoura. O que eu observo na nossa região é que está dentro da normalidade. Mas é importante saber que colocar fogo em vegetação é crime ambiental", ressalta o major.
De acordo com ele, é crime ambiental limpar terreno colocando fogo, da mesma forma que usar desse método em lavouras. E o problema torna-se ainda maior quando o fogo se alastra e acaba atingindo áreas de floresta e de preservação, como tem acontecido.
Ocorrências dentro da normalidade
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