Bruno Todero/ON
Dois, dos três médicos concursados responsáveis pelo atendimento a doadores de sangue no Hemocentro Regional de Passo Fundo (Hemopasso), estariam descumprindo o horário de trabalho. Contratados pelo município para uma carga horária de 20 horas semanais, eles não estariam completando metade dessa jornada. O problema, confirmado pelo diretor do órgão, Alex Necker, reflete na falta de suporte médico durante boa parte do horário de funcionamento do Hemopasso, que é obrigado por lei a dispor deste serviço.
Segundo Necker, a falta de suporte foi amenizada com a adoção, em julho deste ano, do sistema de ponto eletrônico para todos os funcionários. Desde então, àqueles que não atingem a carga horária à que foram contratados têm o salário descontado proporcionalmente. Antes disso, o controle era feito através de assinatura manual de presença, onde as informações declaradas geralmente não condiziam com a realidade encontrada no local. No sistema antigo, mesmo não se fazendo presentes, os médicos recebiam os salários de forma integral. “Melhorou desde que passamos a cobrar o ponto eletrônico, mas ainda temos uma grande dificuldade em manter esses profissionais trabalhando aqui dentro”, afirma o diretor.
Necker garante ainda que vai esperar até o fim do mês de setembro para avaliar a evolução do caso. Se não houver maior comprometimento dos profissionais, não está descartada a exoneração do cargo, com a justificativa de quebra de cláusula contratual. “Se isto acontecer, vamos analisar a contratação emergencial de médicos para suprir essa falta, já que trata-se de um serviço indispensável para o funcionamento de um Hemocentro”, revela.
O diretor explica que a função do médico é acompanhar todo o processo de doação, que pode resultar em efeitos como desmaio, convulsões, queda rápida de pressão e até parada cardiorrespiratória. Casos graves, porém, são raros. Segundo o diretor, em 15 anos, apenas dois doadores tiverem de ser transferidos para atendimento em hospitais. “É raro, mas pode acontecer, e se acontecer temos de ter a presença do profissional médico para atender, por isso não podemos continuar nesta situação”, salienta Necker.
Caso será denunciado ao MP
Segundo estimativa da direção da casa, durante as 11 horas e 15 minutos que o Hemocentro fica aberto para doadores, em média seis a sete horas são assistidas por médicos. No restante do tempo, se houver alguma emergência, esta tem de ser atendida por enfermeiros ou por socorristas externos. O problema foi denunciado nesta quarta-feira, durante manifestação do vereador Patric Cavalcanti (DEM) na tribuna da Câmara. O parlamentar destacou que é a favor da demissão destes funcionários que não cumprem o que está estabelecido no contrato e garantiu que vai encaminhar os apontamentos ao Ministério Público.
Contraponto da secretaria
O secretário municipal de Saúde, Alberi Grando, disse ontem que acreditava que o problema havia sido resolvido com a adoção do ponto eletrônico no Hemopasso. Ele garantiu que irá solicitar informações junto a direção do órgão e reafirmou a necessidade de médicos trabalhando em tempo integral no local.