Do leite nada se perde, tudo se transforma

Engenharia de Alimentos da UPF abre estações técnicas e mostra que praticamente tudo do leite pode ser aproveitado

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Leonardo Andreoli/ON

O leite é uma das principais matérias-primas para muitos dos alimentos consumidos diariamente. Evitar o desperdício é fundamental para que as empresas de laticínios tenham lucro, não agridam o meio ambiente e consigam produzir com qualidade. Este é um dos desafios que o curso de Engenharia de Alimentos da UPF apresenta durante a Agrotecno Leite 2010. Na estação técnica, professores e estudantes demonstram como praticamente todo resíduo de leite pode ser utilizado.
Do leite, passando pela nata, o soro e os efluentes de lavagem dos silos de armazenamento, praticamente tudo pode ser utilizado. O soro resultante da fabricação do queijo, por exemplo, é largamente aproveitado para a produção de bebidas lácteas fermentadas. Já os resíduos sólidos encontrados na água do primeiro enxágue dos silos de armazenagem podem ser incluídos em doce de leite e leite condensado, sem que se perca qualidade do produto e com custos mais baixos.

Água cheia de leite
Os benefícios desse último processo são objeto de estudo no curso de Engenharia de Alimentos da UPF. A acadêmica Ana Cláudia Salla participa do grupo comandado pelo professor Vandré Brião, na estação técnica ela explica a utilização do filtro de membrana no processo. "Simulamos nas pesquisas uma água de enxágue de silos de leite. Ela tem um alto percentual de carga orgânica que não pode ser solta na natureza porque prejudica o meio ambiente e precisa de um processo de tratamento de efluente", complementa. No processo a água do primeiro enxágue dos silos passa pelo filtro de membrana onde os sólidos - lactose, gordura e açucares - existentes são separados e concentrados. "Você pode misturar o concentrado e o leite e economizar no processo industrial. Não precisa gastar tanto com leite e também não gasta tanto em tratamento do efluente", enumera os benefícios.

A possibilidade que o equipamento oferece de se trabalhar com várias temperaturas e pressões evita a degradação de proteínas e vitaminas. "Numa indústria de laticínios que processa uma quantidade enorme de litros por dia, essa economia no processo é muito vantajosa, porque você não tem produto químico, é só uma membrana e pressão", reforça a professora Vera Maria Rodrigues.

Filtro de membrana
O processo de separação por membrana já é bastante conhecido. Por ser uma inovação em termos industriais, nem todas empresas possuem esse equipamento. A professora Vera destaca que na região não tem conhecimento de nenhuma empresa que utilize o sistema. "Percebemos que aqui na região tem muitas empresas de laticínio que produzem uma carga muito grande de efluentes e seria uma maneira correta e eficiente de destinar isso, com geração de produtos que podem ser lançados no mercado e agregar valor ao leite", finaliza. O filtro de membrana pode ser utilizado ainda para produtos mais elaborados como, por exemplo, leites com baixo teor de lactose.

Estação
Na estação técnica ainda são apresentados um pasteurizador do leite e um equipamento para concentrar o leite, que posteriormente é transformado em leite condensado e leite em pó.

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