Daniela Wiethölter/ON
A greve nacional dos bancários, iniciada na quarta-feira passada (29) e que atinge a quase totalidade das agências bancárias da cidade, tem gerado transtornos para a população que reclama das grandes filas nos caixas eletrônicos dos bancos e nas casas lotéricas.
O comerciante Luiz Carlos Zanin passou por duas lotéricas para conseguir pagar contas e fazer operações bancárias. "Cheguei na primeira e desisti por causa da enorme fila", disse. José Percival Medeiros preferiu o atendimento no correspondente bancário do Banrisul, mas também encontrou filas. "Tenho contas em três bancos diferentes, mas com esta greve não consigo atendimento em nenhum deles", reclamou.
Na agência do Bradesco Centro, que nesta segunda-feira (4) fechou as portas pelo movimento grevista, a sala de autoatendimento ficou lotada durante todo o dia. "Quem não consegue pagar via internet, só no caixa eletrônico. E pelas grandes filas que tem aqui, está complicado. Estou levando pelo menos o dobro do tempo que eu levaria normalmente aqui no banco", reclamou a aposentada Maria de Césaro.
Transtorno para os usuários e aumento de trabalho para as casas lotéricas. Na Nosleg, o movimento praticamente dobrou. Segundo a proprietária, Dorisa Sander, a expectativa é que aumente ainda mais a procura nesta semana. "Esta época do mês é de muitos pagamentos e, além disso, nesta quarta-feira (6), a mega-sena está acumulada", alertou. A orientação dela é que as pessoas procurem antecipar suas apostas e pagamentos para evitar filas maiores no dia do sorteio.
Greve
No quarto dia de paralisação, 15 agências de Passo Fundo, uma de Ernestina e duas de Sananduva fecharam suas unidades. Em Passo Fundo não prestaram atendimento externo as três agências da Caixa (Av. Presidente Vargas, Capitão Eleutério e General Canabarro), duas do Bradesco (centro e São Cristóvão), quatro do Banco do Brasil (centro, Vera Cruz, Boqueirão e São Cristóvão) e três do Banrisul (General Netto, São Cristóvão e centro). Em Sananduva, a greve atingiu uma agência do Banrisul e outra da Caixa. Em Ernestina, o Banrisul não abriu.
Segundo o diretor do Sindicato dos Bancários, Carlos Henrique Niederauer, a greve deve ganhar novas adesões nos próximos dias, já que a Fenaban ainda não apresentou nenhuma proposta de elevação de salários.
Estado
No Rio Grande do Sul o movimento já é o maior registrado nos últimos anos, com adesão de 597 agências, postos de atendimento e departamentos de bancos públicos e privados. O Banrisul continua liderando o ranking de adesões, com 197 unidades paralisadas, seguido pela Caixa, com 155. A greve também cresceu no Banco do Brasil, atingindo 72 unidades. Os bancos privados somam 171 unidades em greve.
Tumulto
Na agência do Bradesco, localizada na Rua Independência, um cliente do banco insistiu em receber atendimento dentro da agência. Porém, todos os funcionários aderiram à greve nesta segunda-feira. Segundo o diretor do sindicato, o cliente demorou a entender que não seria possível entrar no local. "A situação foi contornada após um dos diretores do sindicato explicar que não havia nenhum funcionário para atendê-lo. Este tipo de situação é comum em greves. A grande maioria das pessoas entende a nossa luta, mas algumas não", explicou.
Reivindicações
Os bancários reivindicam 11% de reajuste, valorização dos pisos salariais, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR), medidas de proteção da saúde que incluam o combate ao assédio moral e às metas abusivas, garantia de emprego, mais contratações, igualdade de oportunidades para todos e mais segurança.