Redação/ON
O projeto Transformação está mudando a vida dos recicladores de Passo Fundo. Essas pessoas transformam o lixo da cidade em renda, contribuem com o meio ambiente e consequentemente melhoraram a qualidade de vida delas. O IV Encontro de Recicladores de Passo Fundo, realizado no dia 09 de outubro, contou com a presença das quatro associações que fazem parte do projeto: a Aama (Associação Amigos do Meio Ambiente, da Vila Popular), a Arevi (Associação de Recicladores Esperança da Vitória, da Vila Bom Jesus), a Cootraempo (Cooperativa Mista de Produção e Trabalho dos Empreendedores Populares da Santa Marta Ldta) e a Recibela (Associação de Recicladores Parque Bela Vista, que atua no aterro sanitário municipal).
O encontro realizado na sede do Instituto Sagrada Família (ISAFA) buscou a articulação das quatro associações, levantando questões de valores, dificuldades, soluções e objetivos. Discutindo os problemas existentes em cada uma delas e no âmbito geral da reciclagem, o encontro firmou nos participantes conceitos de associativismo e cooperação interna nas associações e entre elas.
Cerca de 50 recicladores prestigiaram o evento. Também participaram os monitores que acompanham os grupos e representantes das entidades responsáveis pelo projeto Transformação (Cáritas Diocesana, Notre Dame, Assec, Isafa e Instituto Menino Deus).
O reciclador Roberto Proença da Luz participou pela primeira vez do encontro e destacou a importância de trocar experiências. "Achamos que os nossos problemas são únicos, quando muitas vezes essas dificuldades são de todos e até maiores que as nossas", disse o reciclador.
Para a associada da AAMA, Janete de Fátima Leite, o encontro foi um grande momento de aprendizagem. Ela ressaltou que através do diálogo se cria uma rede de ajuda nas associações.
No encontro, além da realização de dinâmicas e reflexões, também foram entregues os uniformes dos recicladores de cada associação. Uma parceria com o Instituto Vonpar possibilitou a confecção de jaquetas, camisetas e jalecos para cada um deles.
Objetivos do projeto Transformação
Segundo um dos assessores do projeto, Alex José da Silva, a iniciativa surgiu em 2007, durante a campanha da Fraternidade cujo tema era a preservação da Amazônia através de projetos concretos. Algumas entidades resolveram articular esse tema na cidade, numa forma de começar a mudar a realidade a partir do próprio ambiente em que estão inseridas. O lema do projeto é cuidar da vida, das pessoas e da natureza. "A partir do momento em que as pessoas trabalhem de forma organizada e busquem coletivamente melhorar a qualidade de vida temos um resultado positivo. O mais importante é conseguir levar uma ideia para essas pessoas para que elas coloquem esperança nesse trabalho e se unam pela mesma causa", ressaltou Silva.
Atuação do projeto
O projeto Transformação atua diretamente na área ambiental, de renda e inclusão social. Quatro associações fazem parte do projeto e recebem assessoria: a Aama da Vila Popular, a Arevi da Vila Bom Jesus, a Cootraempo da Santa Marta e a Recibela do Parque Bela Vista, que atua no aterro sanitário municipal. Ao todo são 66 associados. A Cootraempo foi criada em 2005 e começou a fazer parte do projeto em 2008. Ela faz a coleta de material reciclável na cidade, através de um caminhão, e leva para um pavilhão onde os materiais são separados, prensados e comercializados. A Aama, formada em 2008, além dessas atividades citadas, faz a reciclagem do óleo de cozinha. A Recibela surgiu em 2009 e iniciou as atividades em julho desse ano. Ela faz a reciclagem no aterro municipal. A Arevi surgiu em 2003, mas até hoje não é ativa porque não tem uma sede própria. A previsão é que as obras de construção da sede iniciem nas próximas semanas, uma vez que os tramites burocráticos já estão prontos. "O contrato com a Caixa Federal foi assinado e o repasse do terreno já foi feito. Falta a autorização para a empresa iniciar os trabalhos. A demora é culpa da morosidade do poder público", informou Silva.
Juntas as três associações conseguem reciclar e comercializar 72 toneladas de lixo mensalmente e só não reciclam mais por falta de incentivo do município. A Cootraempo tem um caminhão e recicla cerca de 35 toneladas. A Aama precisa mais apoio do poder público. Eles arrecadam cerca de 8 a 10 toneladas, sendo que a capacidade é para 45 toneladas. A Recibela no início das atividades conseguia atingir até 90 toneladas/mês, o que diminuiu significativamente desde agosto, quando a esteira do aterro sanitário estragou e ainda não foi consertada pela prefeitura. A estimativa é que ela seja arrumada ainda nesse mês. "Há uma demanda muito grande no município. Precisamos de muita força para abranger de uma forma eficaz a deficiência que tem na área de reciclagem e preservação ambiental na cidade", disse o assessor do projeto.