Daniela Wiethölter/ON
A retirada dos remédios oferecidos pelo SUS deveria ser somente mais uma das tarefas de rotina de Maria de Lurdes de Moura. No entanto, assim como ela, centenas de pessoas mensalmente passam por filas intermináveis na Farmácia do PAM, que fica instalada na Avenida Presidente Vargas, e mesmo após horas de espera, não conseguem os remédios receitados pelos médicos.
Na tarde desta quarta-feira (13), por exemplo, cerca de 30 idosos esperavam em pé, pelas escadarias do prédio que dá acesso à farmácia, para retirar os medicamentos. Em outra fila, já bem maior, mais de 50 pessoas se amontoavam pelo corredor para também receber os remédios. Sem cadeiras, bancos e qualquer tipo de conforto que amenizasse as horas de espera, portadores de diversas doenças, muitas vezes ainda são surpreendidos depois de horas na fila, com a falta de medicamentos.
Entre quase uma centena de pessoas que aguardavam por atendimento nesta quarta-feira (13), o aposentado Alberto Dall´Agnol, portador de diabetes, não conseguiu o medicamento Metmorfina pelo quarto mês consecutivo. "Não posso ficar sem, então mais uma vez vou comprá-lo na farmácia", revelou. Não bastasse a escassez dos remédios, os usuários que possuem mais de uma receita médica, precisam entrar na fila mais de uma vez, situação que Maria de Lurdes de Moura enfrenta todos os meses. Com a perna operada, ela retira mensalmente quase 10 medicamentos. No entanto, a lista nem sempre cabe em uma só requisição médica. "Além de ter de ficar horas em pé, mal acomodada e com dor, aguardando atendimento, quando chego ao balcão eles avisam que não podem me entregar todos os remédios e que devo entrar novamente na fila", reclamou. Outro usuário também passa pelo mesmo constrangimento todos os meses para retirar os medicamentos da esposa, que possui câncer. "Mesmo sendo para um só paciente, tenho que entrar na fila mais de uma vez, é incoerente", disse.
Segundo o secretário de Saúde, a falta de medicamentos é eventual e algumas empresas atrasam as entregas. "A Lei nos exige que a compra seja através de licitações, o que eventualmente pode atrasar a entrega por questões burocráticas", disse. No entanto, Grando ressaltou que pacientes que tomam remédios controlados não devem depender somente do SUS. "Quem precisa tomar remédio todo dia não pode esperar que ele chegue ao PAM. Para estas eventualidades, que nós trouxemos a farmácia Popular ao município. Lá os remédios custam até 90% mais barato", afirmou.