Clarissa Ganzer/ON
"Tô morrendo de fome". Quantas vezes por dia se ouve ou se diz essa frase? Provavelmente essa "fome" seja a que acomete um indivíduo entre o café da manhã e o almoço ou ainda entre o bombom da tarde e o jantar. Seguramente essa "fome" não faz parte da estimativa da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) que diz que uma em cada seis pessoas no mundo passa fome e a cada cinco minutos uma criança morre por desnutrição.
Ainda, conforme a FAO, até 2050, a população mundial deverá crescer dos atuais 6 bilhões para 9 bilhões de habitantes. Para que todos tenham acesso à comida, a oferta de alimentos precisa aumentar 70% nos próximos 40 anos. Mas se engana quem pensa que falta comida no mundo. O coordenador do curso de engenharia de alimentos da UPF, Christian Oliveira Reinehr, disse que a produção de alimentos é grande, entretanto o desperdício também é imenso. Segundo ele, no campo, por exemplo, se produz muita comida, entretanto muitas pessoas não têm acesso a ela, sobretudo pelo custo até chegar ao alcance da grande população.
Evite desperdiçar
Pequenas ações como encaminhar a comida que sobra das refeições para entidades ou pessoas que possam se servir dela ou reaproveitar alimentos que iriam para o lixo, como cascas de frutas, são alternativas que podem ser colocadas em prática em casa para ajudar a diminuir o desperdício de comida.
O professor comenta que na maioria das empresas, o que sobra no processo de industrialização de um alimento acaba indo para o lixo. Entretanto já existem aparelhos para mudar esse fato, como o Filtro de Membrana, que é como um coador de café que separa as moléculas do leite por tamanho, possibilitando o reaproveitamento do que sobra do alimento no final do seu processo.
Segundo ele, o procedimento de industrialização do leite é feito através de equipamentos fechados, sem contato humano. E no decorrer desse método acabava sobrando leite nos equipamentos, que era automaticamente desconsiderado. Agora já existe a possibilidade de fazer a limpeza desses equipamentos com água potável pura e reaproveitar o que sobra: lactose, proteína, gordura.
A UPF tem o Filtro de Membrana, usado apenas na função acadêmica, em tamanho menor do que o encontrado nas indústrias. Não há equipamentos como esse na região de Passo Fundo.
De acordo com o coordenador, cada pessoa deve tentar fazer um pouco, que pode ser muito, para coibir a fome. "A FAO busca nas campanhas erradicar a fome, sensibilizando as pessoas. Se o governo, as ONGs, as indústrias, cada um fizer a sua parte, pode melhorar. [No futuro, daqui a 10 anos] depende de que lado a sociedade vai ir, se na produção mais limpa, mais correta (...). As pessoas têm que se mobilizar e, é claro que, melhorar. O que estimula [a participação] é o resultado", justifica o professor.
Confira a matéria completa na edição impressa do Jornal O Nacional deste final de semana (16-17/10/2010)