Higienização para evitar superbactérias

Uma das causas da contaminação pode ser o uso indiscriminado de antibióticos. Em Santa Catarina foram registrados três casos da doença

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Redação ON

Em todo o país a superbactéria (KPC) já causou a morte de 42 pessoas, segundo registros até a noite de terça-feira (26). Destes, 24 foram verificadas em São Paulo e 18 no Distrito Federal. O Rio Grande do Sul não contabiliza ainda nenhum caso da doença, que pode ser causada pelo uso incontrolável de medicamentos.

De acordo com a enfermeira do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), Dionara Schlichting e a farmacêutica do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do HSVP, Natália Nespolo de Paula, as superbacatérias são bactérias resistentes a diferentes classes de antibióticos testados em exames microbiológicos. “Ultimamente, tem ocorrido um aumento dos casos de enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos em vários centros brasileiros. Estas bactérias produzem uma enzima (carbapenemase) que inativa todos os antibióticos beta-lactâmicos, incluindo os carbapenêmicos. Neste grupo incluem-se a Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC)”, explica Dionara.
As profissionais lembram que o abuso de antibióticos, fora e dentro dos hospitais, é apontado por especialistas e foi citado pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, como uma das causas para o surgimento de superbactérias como a KPC.

Recomendações
As profissionais citam algumas recomendações para evitar as superbactérias e outras bacetérias em geral:

- Monitoramento do uso de antibióticos. É fundamental que os hospitais tenham comissões de Controle de Infecções para monitorar o uso de antibióticos.

- Manter o sistema de vigilância epidemiológica das infecções relacionadas a assistência à saúde (IRAs ou Infecções Hospitalares) que permita o monitoramento adequado de patógenos multirresistentes, em parceria com o laboratório de microbiologia.

- Enfatizar a importância da higienização das mãos para todos os profissionais de saúde, visitantes e acompanhantes.

- No ambiente hospitalar reforçar a aplicação de precaução de contato, ou seja, uso de avental, luvas e higienização das mãos para profissionais de saúde, visitantes e acompanhantes.

 - Restringir o número de visitantes circulando no ambiente hospitalar.  

Álcool gel
Na terça-feira (26), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou no Diário Oficial da União (DOU) a resolução que torna obrigatório o uso de álcool (líquido ou gel) para higienização das mãos nas unidades de saúde de todo o país. O uso do álcool gel (70%) será obrigatório nos estabelecimentos públicos e particulares. Esses locais terão 60 dias, a partir da data de publicação no DOU, para o cumprimento da resolução.
A medida é considerada pela Anvisa a mais importante e de menor custo para a prevenção e o controle das infecções em ambientes hospitalares, principalmente pela superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC). O produto também deverá ser colocado em salas onde haja atendimento de pacientes. O uso do produto, porém, não dispensa a lavagem das mãos.

Recomendação da OMS
A norma é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com intuito de prevenir e controlar infecções em pacientes e profissionais que atuam em hospitais. A higienização com álcool será obrigatória também nas salas de triagem, de pronto-atendimento, nas unidades de urgência e emergência, em ambulatórios, nas unidades de internação, de terapia intensiva, em clínicas e consultórios. Vai valer também para os serviços de atendimento móvel e nos locais onde forem realizados quaisquer procedimentos invasivos.

Dados de casos confirmados e mortes no Brasil causados pela KPC

- Minas Gerais 12 casos confirmados
- Espírito Santo três casos confirmados
- Goiais quatro casos confirmados
- Santa Catarina três casos confirmados
- São Paulo 70 casos confirmados e 24 mortes  
- Distrito Federal 183 casos confirmados e 18 mortes
- Paraíba 18 casos confirmados
- Paraná 24 casos confirmados

Os casos, até agora, estão restritos a pessoas hospitalizadas com baixa imunidade, como pacientes de unidades de Terapia Intensiva (UTIs). A superbactéria pode ser transmitida por contato direto ou pelo uso de objetos em comum.

Dados da Agência Brasil de 26/10

Gostou? Compartilhe