Clarissa Ganzer/ON
O túmulo da menina que teria previsto a própria morte, no Cemitério da vera Cruz, deve ser, como em outros anos, o mais movimentado deste feriado de finados. A crença popular atribui a Maria Elizabete, milagres desde que ela morreu, em 28 de novembro de 1965, aos quatorze anos. Seu túmulo é visitado por milhares de pessoas de Passo Fundo e região todo ano. Segundo o presidente da Funzoctur, Antônio Augusto Reveilleau, ano passado, cerca de 25 ônibus de outros locais vieram até a cidade para ver o jazigo de Maria Elizabeth no dia de finados, somando aproximadamente mil pessoas. “Há pessoas que vem de outros estados, da fronteira e até do Uruguai”, comenta. Para a missa de sua morte, mais de 40 ônibus vieram a Passo Fundo, em 2009. No momento da celebração foram contabilizados cerca de 1,2 mil devotos.
A crença que dá à luz
No mínimo uma vez por ano, Roseli Silveira, 63 anos, visita o sepulcro de Maria Elizabeth. A professora afirma que nas visitas agradece aos pedidos atendidos pela santa popular. “O médico disse que eu tinha um problema grave e não podia ter filhós. Só a fé que tinha nela [Maria Elizabeth] me curou”, comenta. Hoje, ela orgulha-se por ser mãe e diz ter concretizado outros desejos graças a sua devoção. Gaudêncio Pimel, 68 anos, não tem nenhum familiar enterrado no cemitério da Vera Cruz, entretanto ele passa pelo jazigo de Maria Elizabeth para pedir saúde. O técnico industrial, que mora há 23 anos na cidade, conta que visita o túmulo da moça pela história de vida dela, que ele começou a conhecer quando veio morar em Passo Fundo.
Rumo a Roma
A biografia de Maria Elizabeth é cheia de narrativas surpreendentes. O padre José Bertholdo Schnorr lembra de histórias inexplicáveis sob o ponto de vista científico. Ele conta que a filha de um prefeito de Jaguarão (RS) estava com uma doença que vários médicos avaliavam ser incurável. Depois de o senhor ter buscado a ajuda da santa popular, a moça sanou a enfermidade. Apesar de ter uma história de vida emocionante, o pároco assegura que muito do que se fala sobre ela é controverso. “Alguns livros contam o que não é verídico. A Igreja é muito severa e analisa isso. O que não é verdade, não levamos em conta”, aponta.
Para descobrir a genuína trajetória da moça e futuramente beatificá-la e canonizá-la, o padre e mais duas pessoas, Eulália Pereira e Meirelles Duarte, vão fazer um levantamento sobre a vida de Maria Elizabeth para que ela se torne oficialmente santa. Antes do aniversário de morte dela deve acontecer a primeira reunião do trio. Não há previsão para que as informações comecem a ser analisadas. Dia 28 de novembro, às 10h acontece uma missa campal no cemitério da Vera Cruz. A missa vai ser celebrada com canto e homenageia o 45° aniversário de morte de Maria Elizabeth.
Dia dos mortos
O padre José Bertholdo Schnorr indica que é saudável existir um dia para lembrar todos os familiares, amigos, companheiros de trabalho, colegas de escola que faleceram. “Orar pelos outros traz paz e redenção. È salutar lembrarmos de todos os que partiram”, pontua o pároco. Ele complementa que a orar ajuda também aos que morreram e ainda não foram para a Igreja Triunfante, o céu.