Leonardo Andreoli/ON
Toneladas de carbono armazenadas durante milhares de anos, descobertas no início do século XX, se transformaram numa das principais fontes de energia utilizadas até hoje. Os combustíveis fósseis, como petróleo, geram riquezas. No entanto a liberação de gás carbônico na atmosfera causa preocupação. A intensificação do efeito estufa tem causado alterações climáticas em todo o mundo. Mesmo sem ser o principal responsável pelo problema, o gás carbônico está entre as causas devido ao aumento da concentração do composto na atmosfera.
A discussão sobre o efeito estufa e gás carbônico não é nova. Novas são as medidas e alternativas estudadas para controlar o problema. Nesse cenário, a utilização de fontes alternativas de energia aparecem em destaque. Durante o 2° Seminário de Agroenergia e Desenvolvimento Rural, o presidente da Petrobrás Biocombustível, Miguel Rossetto, destacou os projetos brasileiros desenvolvidos para fomentar o uso destes tipos de energia. O Brasil é destaque na utilização de energia proveniente de fontes renováveis. O programa do etanol, desenvolvido há cerca de 40 anos, é um exemplo.
Eficiência
A produção de etanol brasileira ainda é menor em relação aos EUA – maior produtor mundial do combustível. No entanto a eficiência do programa brasileiro supera o norte-americano. Atualmente um hectare de cana-de-açúcar pode produzir 8 mil litros de etanol. Existem pesquisas que demonstram a capacidade de ampliar essa produção em 40% sem a necessidade de aumentar a área plantada. “O Rio Grande do Sul tem um desafio importante já que a Embrapa concluiu o zoneamento agrícola da cana-de-açúcar no Estado”, pontua Rossetto. A expectativa é de que o sucesso do programa do etanol se repita com o programa de biodiesel.
Consumo de energia pelo mundo
Rossetto explica ainda que a China tem um padrão de produção de CO2 equivalente ao dos EUA. No entanto, um chinês gera 1/100 de CO2 em comparação a um norte-americano. “Já no Brasil 44,7% da matriz energética pode ser considerada renovável. No mundo esse percentual corresponde a apenas 13,3%”, enumera. Ele reforça ainda que o etanol é o diferencial brasileiro. “O programa de etanol tem 30 anos e foi retomado há cerca de 10 anos com maior intensidade. Já o programa de biodiesel existe há três anos. O Brasil, hoje, consome mais etanol do que gasolina”, compara.
Manutenção do clima mundial
Para manter as condições climáticas estáveis, o presidente da Petrobrás Biocombustíveis destaca que é fundamental manter um nível seguro de 350 partes por milhão (PPM) de CO2 na atmosfera. Atualmente essa quantidade é de 359 PPM. “A sustentabilidade já foi rompida. Temos indicadores de que 450 PPM de CO2 nos colocam numa zona de risco e instabilidade. Não podemos caminhar para uma situação tão incerta de futuro. Por conta disto se busca uma mudança”, alerta. Mesmo assim o petróleo, gás e carvão são responsáveis pela produção de 80% da energia utilizada em todo o mundo. “Isso representa tirar carbono que estava armazenado abaixo da terra e liberá-lo novamente na atmosfera. Já os biocombustíveis utilizam apenas o carbono que as plantas sequestram da natureza”, pontua.
Desafios para o século XXI
Rossetto apresentou ainda três desafios mundiais para a garantir a manutenção do clima atual: reduzir o consumo de energia; aumentar a eficiência energética; e buscar fontes alternativas de energia.