Um cientista passo-fundense na Nasa

Astrofísico que trabalha na agência espacial americana fala sobre a descoberta que fez e que lhe abriu as portas para trabalhar na Nasa

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Daniela Wiethölter/ON

A paixão pelo espaço surgiu muito cedo, antes mesmo que a astronomia fizesse parte da vida do passo-fundense Rodrigo Nemmen, astrofísico do Goddard Space Flight Center, um dos mais importantes centros de estudos da Agência Espacial Norte Americana (Nasa). Aluno do Colégio Conceição desde o ensino fundamental, Nemmen conta que sempre teve um fascínio pelo estudo do universo e um grande sonho: fazer descobertas científicas importantes. “Os meus pais dizem que quando eu tinha uns oito anos eu mostrei uma imagem de uma galáxia de um livro e perguntei para eles o que era um buraco negro, onde terminava o universo, mas eles não souberam me responder”, relatou.

Anos mais tarde, justamente uma destas dúvidas acabou sendo respondida por ele mesmo depois de ter concluído os cursos de graduação, mestrado e doutorado em física e pós-doutorado em astronomia pela UFRGS. Nemmen descobriu que os buracos negros que habitam o centro das galáxias giram a velocidades descomunais, próximas à velocidade da luz. A descoberta lhe rendeu diversas publicações internacionais, cursos e a participação em congressos em diferentes países do mundo. Mas a sua maior conquista foi alcançada em agosto deste ano, quando foi contratado como bolsista da Nasa, Goddard Space Flight Center e, desde então, tem o privilégio de observar suas paixões de perto, além de se dedicar a pesquisa e continuar a desvendar alguns dos vários mistérios do espaço.

Pelo mundo
Durante o doutorado na UFRGS, Nemmen participou de vários cursos fora do Brasil. Passou por universidades nos Estados Unidos (Penn State University e Universidade de Wyoming) e na Inglaterra (Durham University) para aprender sobre novas técnicas na área. Também participou de congressos em diversos países, como Chile, Polônia, China, Estados Unidos, Canadá. Para o pesquisador, estas viagens contribuíram para trocar informações com outros cientistas de vários países. “Os cientistas - particularmente os astrônomos - têm que viajar bastante, seja para participar de congressos e compartilhar suas descobertas, mas também para aprender sobre novas técnicas e/ou observações”, relatou.

Prestigiado...
Nemmen, que tem apenas 28 anos, conseguiu uma bolsa bastante prestigiada pelos pesquisadores, a "NASA Postdoctoral Program", conhecida como NPP. O diferencial desta bolsa é que ela oferece aos recém-doutores a liberdade de conduzir a sua própria pesquisa, ao invés de trabalhar em um projeto de pesquisa elaborado por outro pesquisador. “Para minha felicidade, acabei conseguindo uma NPP. Até onde eu sei, eu fui o primeiro brasileiro a conseguir uma bolsa NPP”, disse.
Mas antes disso, passou por uma longa investigação na vida pessoal. “A Nasa checa os antecedentes de todas as pessoas que vão trabalhar aqui para saber se uma ela constitui algum tipo de perigo para a instituição”, explicou o astrônomo. Alem disso, há diversas normas de segurança para conseguir ter acesso ao centro de pesquisa, por se tratar de uma instituição governamental que desenvolve também pesquisa espacial e aeronáutica. “Há algumas partes do Goddard onde o acesso é bem restrito, onde são construídos foguetes, instrumentos espaciais e os satélites”, detalhou.

... e privilegiado

 
Alem de prestigiado, Nemmen trabalha ao lado de astrônomos renomados, como John Mather, cientista que ganhou o prêmio Nobel da física em 2006. “Trabalhar na NASA é uma oportunidade única de desenvolver meus projetos científicos num dos maiores centros de pesquisa do mundo e ter a possibilidade de colaborar com cientistas muito competentes de todas as partes do planeta. É um privilégio poder trabalhar com tantas mentes brilhantes, uma realização profissional. Me sinto um privilegiado!”, disse.

Confira a continuação dessa matéria especial na edição impressa de O Nacional deste final de semana.

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