Natália Fávero/ON
O 1º Fórum Permanente de Segurança Pública discutiu um tema que tira o sono dos órgãos de segurança: o crime organizado em rede. A Brigada Militar, a Polícia Civil, a Polícia Federal e o Ministério Público se uniram na noite de ontem, na Câmara de Vereadores, para debater o assunto. O evento será o primeiro de uma série de fóruns que serão realizados mensalmente. Já estão na lista cerca de 15 assuntos envolvendo a segurança pública. O encontro foi organizado pelo Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO/Planalto).
O debate foi entre o Subcomandante da academia de Polícia Militar, major Humberto de Sá Garay, o titular da Defrec, delegado Adroaldo Schenkel, o delegado de Polícia Federal, Mário Luiz Vieira e o promotor Marcelo Petry. O mediador da mesa foi o tenente-coronel, Fernando Carlos Bicca. Entre as falas de cada é possível resumir três considerações principais: a necessidade de uma rede de informações entre os órgãos de segurança, a união entre as polícias e uma estrutura de qualidade para essas instituições combaterem o crime organizado.
Tráfico, furto e roubo de veículos
Na região de Passo Fundo, os especialistas no assunto denominaram o tráfico de drogas, o furto e o roubo de veículos os principais crimes que atuam em redes organizadas. Segundo o delegado da Defrec, entre os desafios que a polícia civil enfrenta atualmente estão a carência de pessoal, material de trabalho e questões legais. Schenkel revelou que mesmo com esses empecilhos, nas quatro operações realizadas nos últimos quatro anos, foram mais de 80 presos ligados ao crime organizado. “Crime organizado é sinal de Estado desorganizado”, disse Schenkel.
O delegado de polícia federal disse que não há uma polícia bem estruturada para combater esse crime. Uma das maneiras de enfrentar essas organizações é a união entre as polícias, juízes e promotores. Para ele, é necessário trazer esse assunto a sociedade. “Se não combatermos o crime organizado, ele tomará conta”, argumentou Vieira.
Contrabando
O contrabando e a pirataria também foram destacados como um dos crimes organizados. O promotor especializado nesse assunto, Marcelo Petry, disse que as quadrilhas transnacionais prejudicam o país que acaba não arrecadando impostos e as pessoas que compram produtos sem qualidade. O Ministério Público realiza operações no Estado para combater o trânsito, a armazenagem, a distribuição e a comercialização. No âmbito nacional, são efetuadas ações de fronteira para desabastecer as linhas de contrabando.
Metodologia para combater esse crime
O major Humberto de Sá Garay explicou os métodos utilizados pela inteligência da polícia para combater o crime organizado. Sistemas de software são utilizados para identificar, mapear as redes criminosas que se organizam como uma empresa por exemplo. O comando pode partir de um único ponto ou de diversas articulações dentro da mesma rede. A informação é a principal ferramenta desses criminosos. Disse que o crime organizado é forte em Passo Fundo porque é uma rota de passagem. Muitas coisas entram e saem do Estado via município. É necessário uma doutrina nacional de inteligência, formação de policiais, investimento em tecnologia, recrutamento e planejamento estratégico para combater o crime organizado.