Natália Fávero/ON
Na tarde de ontem (18), a advogada Lorena Mendes dos Santos, do residencial terapêutico denunciado por maus tratos, procurou o Jornal O Nacional para responder as denúncias divulgadas pelo Ministério Público. Nessa semana, uma liminar da Justiça proibiu a internação de menores no local. O pedido foi feito pela promotoria de Infância e Juventude que teria concluído através de depoimentos de internos e laudos técnicos a existência de maus tratos, agressões e abuso sexual nas dependências do residencial, localizado no loteamento Dom Rodolfo. A advogada da casa terapêutica informou que antes mesmo da determinação judicial eles já não estavam recebendo adolescentes e estariam colaborando com a polícia para desvendar as denúncias.
A advogada informou que o residencial que está no mercado há 11 anos já estava ciente de que não podia internar adolescentes antes mesmo da determinação judicial e nenhum menor foi recebido no local depois da vistoria da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e Ministério Público no dia 05 de outubro. “Todos os adolescentes que estavam acolhidos eram oriundos de outras comarcas trazidos por ordem judicial pelas prefeituras”, disse Lorena.
Documentos sobre a existência de adolescentes no residencial já haviam sido solicitados pela promotora Ana Cristina Ferrareze Cirne antes da vistoria em setembro. Lorena afirmou ter entregado todas as informações com o nome, municípios e mandados judiciais que determinavam a internação dos menores. “Não entendemos como esses fatos aconteciam no local se tínhamos câmeras de vigilância, monitores e enfermeiros durante 24h, funcionários da limpeza, cozinheira e outros empregados. Essas denúncias nunca chegaram aos nossos ouvidos”, argumentou a advogada.
Lorena declarou que estão em busca da verdade. “Também queremos apurar quais os funcionários que poderiam ter negligenciado ao ponto de acontecer o que aconteceu”, esclareceu.
Readequando as instalações
Segundo informações da advogada, o local estaria readequando as suas instalações desde setembro. Os quartos deverão ter apenas três pacientes e os espaços estariam sendo remodelados conforme a legislação. Atualmente, o local tem 38 internos, sendo cinco dependentes químicos que deverão ser transferidos para uma nova casa terapêutica em 30 dias. O residencial denunciado atenderá somente os esquizofrênicos.
A nova unidade que está sendo construída receberá apenas dependentes químicos e atenderá as normas exigidas. “Será uma casa própria para os químicos. Um lugar de primeiro mundo com piscina térmica, quartos individuais, portas com sigilo e quadras de esporte. Estamos apenas aguardando o alvará da vigilância sanitária que já esteve avaliando o novo local”, disse.
Tratamento e objetos encontrados
A advogada explicou que os tacos de sinuca e beisebol encontrados na casa foram recolhidos dos internos e guardados no arquivo da casa para eles não terem acesso. Além disso, o residencial possui mesas de sinuca e outros jogos, o que, esclareceria a presença dos objetos.
O residencial rebateu as denúncias de tratamento inadequado. Eles informaram que o médico responsável faz a avaliação e repassa o tratamento correto. “Não brincamos com a vida dos pacientes porque sabemos que toda a medicação pode causar riscos”, rebateu.