Você pagaria por um ar mais puro?

Pesquisa acadêmica constatou que em Passo Fundo de cada cem veículos movidos a óleo diesel, 38 emitem fumaça preta acima do permitido. Agora, os estudantes avaliam o que os passo-fundenses pensam sobre a qualidade do ar que respiram

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Clarissa Ganzer/ON

Uma pesquisa elaborada por dois alunos do curso superior de tecnologia em Gestão Ambiental da Faculdade Portal, Sidnei Souto Castanheira e Michele Melo Caon de Lima, constatou que em passo Fundo, entre cem veículos movidos a óleo diesel, 38 emitem fumaça preta acima do limite estabelecido pelo Conselho Nacional de Trânsito; 30 veículos emitem fumaça no limite permitido.

Ontem, a continuação do trabalho acadêmico aplicou um questionário em dois pontos da cidade (rua Bento Gonçalves esquina com a Moron e Avenida Brasil em frente ao prédio da antiga prefeitura) para verificar o que os passo-fundenses pensam sobre o ar que respiram.

O questionário foi encabeçado pelos estudantes e contou com o apoio da Secretaria do Meio Ambiente e da Agenda 21. Aproximadamente sete entrevistadores colaboraram com a pesquisa, que aconteceu durante a manhã e tarde de quinta-feira (18). O objetivo é conversar com 300 pessoas. O questionário pode continuar sendo aplicado hoje (19).

Queremos saber
Castanheira explica que essa é uma pesquisa de valoração de contingente, ou seja, busca avaliar o que a comunidade pensa sobre a fumaça preta, dando inclusive uma nota para a qualidade do ar. Ainda, questiona se as pessoas estariam dispostas a pagar para que medidas de redução e controle de poluição fossem adotadas em Passo Fundo.
Inicialmente, os alunos iriam mapear diversos pontos no município e posteriormente aplicar o questionário. Entretanto, mais tarde, eles optaram por eleger dois pontos de intenso fluxo para abordar e conversar com as pessoas de diferentes bairros da cidade que passam pelos locais. "Pretendemos elaborar uma audiência pública a partir desses resultados, para buscar mudanças na cidade", justifica o estudante. Dentro de cerca de 30 dias, os resultados devem estar concluídos.

O que poderia ser feito?

Existem diferentes alternativas que poderiam reduzir o índice de fumaça preta emitido por veículos movidos a óleo diesel. O aluno cita a aquisição de um opacímetro, por exemplo, que é um instrumento que mede a emissão desses gases pelos veículos. Outra solução é realizar uma grande ação de inspeção veicular obrigatória, já que a fumaça preta é emitida quando o motor desregulado de um veículo movido a óleo diesel é forçado. Seria possível também colocar os escapamentos de ônibus na parte superior do automóvel, porque a tendência é que as partículas poluentes subam. "Não precisamos chegar à situação [de poluição] de Porto Alegre e São Paulo", afirma. O secretário do Meio Ambiente, Clóvis Alves, diz que a pesquisa é muito importante e identifica, ainda, como os passo-fundenses estão sentindo a qualidade do ar. "A secretaria recebe muitas reclamações dos moradores dos bairros devido à poluição industrial", comenta.

O que nós pensamos
A moradora do loteamento Dom Rodolfo, Elizabete de Oliveira, 57 anos, afirma que onde ela mora a qualidade do ar está ótima. Entretanto, a dona de casa sente diferença quando vem para o Centro. A filha dela, Cristiane de Oliveira, 33 anos, camareira, comenta que é possível ver a fumaça preta em alguns veículos e que muitas vezes, quando os automóveis emitem a fuligem, a sensação é de afogamento.





Fumaça preta
A fumaça preta, como o próprio nome sugere, é uma fumaça bem escura emitida quando o motor desregulado de um veículo movido a óleo diesel é forçado. A fumaça preta permanece por três dias no ar e se propaga por até 3 quilômetros. Além de danos ao meio ambiente, ela faz mal diretamente à saúde, já que é formada por diferentes gases.

Gostou? Compartilhe