Natália Fávero/ON
O sino de 1945 do Instituto Educacional, que ficou por anos depositado dentro de uma urna, voltará a tocar. O objeto com pouco mais de 60 centímetros feito em bronze e apoiado em um pedaço de madeira foi restaurado em uma ação conjunta entre o Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas (Gesp), Ministério Público e IE. O campanário que abriga o sino também foi reformado. Em breve, os ex-alunos e a comunidade do bairro Boqueirão ouvirão novamente o badalar que marcou época. Nos 90 anos do IE, a nova geração conhecerá a importância histórica do monumento.
Ao toque do sino, os ex-alunos do IE eram orientados sobre o horário de entrada e saída. O bairro Boqueirão começou a se identificar com o badalar que acabou fazendo parte da história daquela comunidade. Na década de 1970, o campanário que abrigava o sino foi desmanchado para a construção de um novo prédio. O objeto acabou esquecido em uma urna até 1995, quando o grupo de Mães Ienses, coordenado por Elenive Schell e ex-alunos, promoveu uma campanha e construíram um novo campanário, com as mesmas características arquitetônicas do original, onde foi recolocado o sino.
Corroído pelo tempo, o sino não tocava mais e o brilho do bronze estava apagado. Neste ano, a escola completou 90 anos e o Gesp, com apoio da 1ª Promotoria de Justiça Especializada do Ministério Público Estadual, apresentou um projeto de restauração e conservação do campanário e do sino histórico. A escola aprovou a ideia e a coordenadora administrativa da instituição, Raquel Fortunato, e o integrante do Gesp, Paulo Fernando Cornélio, passaram a coordenar os trabalhos. parte arquitetônica e de engenharia está sendo realizada pelo engenheiro civil Fábio Luiz dos Santos e a recuperação do sino foi feita pela Bronzarte.
A restauração do sino levou 35 dias. A tinta foi retirada manualmente e a peça após foi envernizada. A madeira que sustenta o sino foi recuperada assim como os parafusos.
O integrante do Gesp, que também é ex-aluno do IE, contou que o badalar do sino é muito importante para os ex-alunos, professores, direção, funcionários e comunidade. "Muitas pessoas que souberam da restauração, principalmente os moradores, falaram que o sino tinha um grande significado na vida deles, porque relembrava a infância. Isso emociona a gente, porque faz parte do nosso passado", disse Cornélio.
Símbolo de uma época
Um dos ex-alunos do IE, Edu Pimentel, ficou muito feliz ao saber da restauração do sino. Ele estudou na instituição durante seis anos e disse que o sino marcou a época em que estudava na escola. "O sino ajuda a disciplinar os alunos e controla os horários. Quando falo com outros colegas que não moram mais aqui, eles perguntam como vão os sinos do IE, como forma de relembrar os velhos tempos. Quando passo por aqui, sempre dou um suspiro de saudosismo", disse Pimentel
Resgate histórico
A coordenadora administrativa da instituição, Raquel Fortunato, afirmou que a restauração é fundamental para o resgate histórico do IE. O campanário e o sino têm um significado especial para a escola, porque foram símbolo de uma época. "O sino era tocado em momentos especiais da escola, como nas festas do Dia das Mães, dos ex-alunos, nas olimpíadas metodistas e em outras datas comemorativas", declarou a professora.
O sino restaurado deverá ser instalado na próxima semana e inaugurado em breve. Ele deverá ser tocado apenas em datas importantes devido ao som alto.
Breve histórico do sino e do campanário
O sino foi um presente dos alunos de 1945 e o campanário doado pela 4ª série de 1946. Na década de 1970, foi construído o prédio Daniel Betts (laboratório e centro de difusão cultural) e o campanário foi desmanchado em virtude da necessidade do espaço. O sino foi guardado em uma urna específica. Em 1995, o Grupo de Mães Ienses, coordenado por Elenise Schell e ex-alunos, promoveram campanha e reconstruíram um novo Campanário.