Daniela Wiethölter/ON
Pelo menos 53% dos caminhoneiros admitem dirigir mais que a carga máxima de horas de trabalho, 75% estão com sobrepeso e 27% apresentam resultados preocupantes relativos à pressão arterial. O preocupante diagnóstico foi levantado na última ação do Comando de Saúde nas Rodovias, realizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em parceria com o Sest/Senat em junho, na cidade de Rio Grande.
Em Passo Fundo, a ação aconteceu nessa quarta-feira (24), quando cerca de 170 motoristas profissionais passaram por um circuito de mais de 20 exames de saúde para identificar doenças que possam dificultar o trabalho nas estradas. Com apoio de mais de 50 alunos e professores dos cursos de Enfermagem e Farmácia da UPF e profissionais da Secretaria de Saúde, os motoristas puderam aferir a pressão arterial, fazer exames rápidos para diagnosticar problemas na visão, teste de glicemia, além de avaliações de altura e peso e de uso de medicamentos durante a jornada de trabalho que diminuem o sono e o cansaço durante as viagens. Os dados foram preenchidos em uma ficha e entregues aos motoristas, o que poderá auxiliar em futuras avaliações médicas.
Segundo o chefe de comunicação da PRF RS, Jorge Nunes, a ação é uma forma de alertar os caminhoneiros quanto à importância de realizar rotineiramente exames para evitar acidentes nas rodovias do país. "Muitos acidentes acontecem em consequência de problemas de saúde dos caminhoneiros. Avaliar a qualidade de vida desses profissionais e orientá-los a procurar um atendimento médico de rotina é uma maneira de evitar acidentes e melhorar a segurança nas rodovias federais", disse.
Diagnóstico na hora
A professora do curso de Enfermagem da UPF, Mara Calliari Martin, explicou que boa parte dos motoristas que participou da ação apresenta problemas de pressão alta e glicemia decorrentes do clima de estresse. "Os motoristas já saem daqui com os resultados de todos os exames e, se apresentarem alguma alteração, já podem ser encaminhados ao médico", explicou Mara.
Virmário dos Santos, caminhoneiro de Bento Gonçalves, participou da atividade pela primeira vez e após passar pela bateria de exames descobriu que sua visão piorou. "No dia a dia, não tenho tempo para realizar esses exames médicos, então é uma excelente oportunidade. Agora que sei que minha visão piorou, vou procurar um médico quando eu retornar a minha cidade. É preciso cuidar da saúde e não prejudicar outras vidas no trânsito", relatou Santos, que tem 52 anos.
Para a coordenadora de promoção social do Sest, Joseane Santin, o resultado da atividade foi positivo tanto para os motoristas quanto paras as entidades parceiras. "Conseguimos sensibilizar os trabalhadores sobre a importância dos cuidados com a saúde e ainda promover que eles tenham hábitos melhores no seu dia a dia", disse.
Diagnóstico
Ainda segundo pesquisa realizada em Rio Grande, 71% dos caminhoneiros apresentaram circunferência abdominal acima do recomendado, 37% tem problemas de visão e outros 14% informaram ingerir medicamentos para reduzir o cansaço e o sono. As avaliações dos caminhoneiros abordados na ação em Passo Fundo serão divulgadas nesta quinta-feira pela PRF RS. A ação aconteceu em todo o Brasil e no Rio Grande do Sul somente em Passo Fundo.