Escondidinho Tropeiro é eleito Prato Típico de Passo Fundo

Garoto de 17 anos é o cozinheiro do prato que representa a cultura e a do município

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Ingredientes simples, mas escolhidos pela importância regional e preparados com carinho. O Escondidinho Tropeiro foi eleito, entre outras seis receitas, o Prato Típico de Passo Fundo na noite de quinta-feira, 25, durante a etapa local da Maratona Gastronômica, evento regional que está elegendo o prato típico de diversos municípios. O cozinheiro, o garoto Pedro Barelli Neto, de apenas 17 anos, encantou os presentes pela defesa de seu prato, trazendo elementos históricos da cultura passo-fundense, como a relação com as tropas que por aqui passavam e integraram o processo de formação da cidade. Ele lembrou as condições precárias para armazenamento e transporte de alimentos e a importância do charque naquele período, justificando a opção pela escolha de um prato à base do alimento campeiro. “Pesquisei algo que pudesse ser simples e muito bom e elegi o charque, acompanhado de purê de mandioca e queijo colonial, que são três produtos que temos bastante aqui na região de Passo Fundo”, avaliou, argumentando que pretende seguir carreira. “Quero fazer gastronomia e quem sabe no futuro abrir meu próprio restaurante, ou trabalhar em algum como cheff”, comemorou.

A vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários da UPF Lorena Geib destacou durante a etapa de Passo Fundo da Maratona Gastronômica a relação de importância que a região dá à gastronomia e também a importância do envolvimento da UPF com o evento. “Esta área do turismo e cultura oferece grande possibilidade de expansão e de desenvolvimento regional também”, avaliou.

O vice-prefeito, Renê Ceconello, enfatizou a importância dos eventos por incorporar a gastronomia como elemento cultural e turístico da região. “Esta maratona tem oportunizado aos municípios valorizarem e resgatarem o que eles produzem e sabem produzir”, avaliou. Na opinião do presidente da Câmara de Vereadores Juliano Roso, a construção do roteiro gastronômico deve ser amplamente divulgada à população, já que é mais uma alternativa para o turismo regional.

 

Festival Gastronômico em 2011

Promovida pelo Fórum da Microrregião Cultura e Tradição, a maratona é composta por eliminatórias municipais, que já aconteceram nas cidades de Ernestina, Pontão, Coxilha, Almirante Tamandaré, Sarandi, Ronda Alta e Rondinha, além de Passo Fundo. A iniciativa nasceu com a finalidade de valorizar a gastronomia regional, aprimorar técnicas gastronômicas e divulgar o prato típico, que após escolhidos nos municípios, concorrem entre si no Festival Gastronômico da região, em Passo Fundo, agendado para 2011.

 

A coordenação das atividades das maratonas gastronômicas esteve sob responsabilidade da coordenadora do Fórum de Cultura e Tradição, Munira Awad, da UPF. De acordo com ela, o Fórum deseja sensibilizar poder público e iniciativa privada para que incentivem turismo e a gastronomia de forma conjunta. “Queremos que os restaurantes de toda a região possam oferecer o prato típico da cidade e o prato típico regional, prospectando a possibilidade de criarmos, em um espaço de três anos, o a Rota Gastronômica Cultura e Tradição”, ressaltou.

 

Fotos: Maria Joana Chaise

Vencedor pesquisou a história do município para sugerir o prato

Confirma a receita no endereço eletrônico WWW.onacional.com.br

Receita do Escondidinho Tropeiro

 

Ingredientes:

90g – 6 colheres de sopa de margarina ou manteiga

25g – 5 dentes de alho (picados)

250g – 2 cebolas (em fatias finas)

50g – 1 xícara de cebolinha picada

50g – 1 xícara de salsinha picada

-1/2 kg de charque dessalgado (previamente cozido 20min)

-1/2 kg de mandioca (cozinha cerca de 40 min na panela de pressão)

- sal e pimenta a gosto

- leite quanto bastar (cerca de 200ml)

- 350 g de queijo colonial ralado

- (opcional) Uma pitada de nós moscada (col. Chá rosa)

 

Modo de Preparo:

Em uma panela coloque 2 col. sopa de margarina ou manteiga e refogue os dentes de alho e as cebolas picadas. Quando estiver dourado, acrescente o charque desfiado, sal e pimenta a gosto e mais uma colher de margarina ou manteiga e deixe fritar por uns 10 minutos até que esteja macio. Em uma panela de pressão, cozinhe a mandioca com água quanto bastar e sal a gosto. Quando estiver bem macia, escorra a mandioca e amasse com as 3 colheres restantes de margarina ou manteiga até obter um purê. Para o purê ficar macio vá acrescentando leite até atingir o ponto de um creme mais encorpado. Prove e tempere com a nós moscada, sal e pimenta a gosto e meia xícara de salsinha picada.

 

Montagem:

Em uma travessa refratária (para forno) coloque o charque (refogado e misturado com a cebolinha e a salsinha restante) no fundo, acrescente o purê de mandioca por cima e o queijo ralado no topo. Leve ao forno por 25-30 minutos, até que esteja “dourado”. Sirva em seguida.

 

Relação Histórica:

No século XIX, quando surgiram as charqueadas, que eram fazendas onde se produziam charque para a venda em outros estados (como SC, PR, SP e MG), os tropeiros levavam o charque à cavalo de Rio Grande (região das primeiras charqueadas) até o local destinado em outros estados. E quando os tropeiros passavam pela região de Passo Fundo, com sorte achavam mandioca, salsinha e cebolinha, estas plantadas pelos índios. E como a viagem era longa, o que poderiam levar para comer eram alimentos como o charque, o queijo colonial e a mandioca. Os tropeiros chamavam de escondidinho pois a carne para comer era escassa, então misturava-se com cebola e a “escondia” embaixo do purê, purê este que era feito apenas cozinhando-se a mandioca em panelas de ferro com água e sal grosso. E o queijo era o “luxo” do escondidinho, pois o queijo colonial não estragava fora de refrigeração graças a sua “casca”.

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