Clarissa Ganzer/ON
O prefeito Airton Dipp nomeou ontem uma comissão para fazer o levantamento dos prejuízos do incêndio no almoxarifado da Prefeitura Passo Fundo. O grupo será presidido pelo secretário de Administração, Paulo Magro e a vice-presidente será a secretária de Educação,Vera Vieira. Também integram a comissão a coordenadora administrativa da SEAD, Rosely Terezinha da Silva, a coordenadora de administração e planejamento da SME, Ana Paula Valério e o coordenador de patrimônio, Osni Artur Krenn. A polícia civil abriu inquérito para investigar as causas do fogo e aguarda o resultado da perícia para seguir com o processo. Ontem, o delegado Claudio Belcaminho, da 2ª DP, ouviu os três vigilantes que estavam de plantão na noite de quarta-feira. Além da perda dos materiais que estavam dentro do edifício e da própria estrutura do depósito, os moradores do prédio residencial ao lado registraram vidros, ar condicionado e persianas danificadas.
O incêndio
O fogo começou por volta das 21h45 de quarta-feira (1). Foram utilizados cerca de 100 mil litros de água e 21 bombeiros se revezaram para conter as chamas. O trabalho encerrou na manhã de ontem, quando os profissionais fizeram à operação de rescaldo, eliminando todos os focos de fogo.
As causas do incêndio ainda são desconhecidas. O prefeito Dipp disse que o momento é de aguardar o trabalho da perícia que identificará as causas.
Segundo o comandante regional do Corpo de Bombeiros de Passo Fundo, Tenente-Coronel Paulo Ricardo Farias, os três caminhões de combate a incêndio, pertencentes ao Corpo de Bombeiros, foram utilizados na ação, que teve a coordenação do Major Gilcei. O total dos três caminhões tem capacidade para armazenar cerca de 29 mil litros de água.
Estrutura do Corpo de Bombeiros é suficiente
Embora, alguns moradores do prédio residencial tenham comentado que, caso o fogo se alastrasse até o edifício, seria impossível controlá-lo, o Tenente-Coronel Farias afirma que o efetivo de estrutura do Corpo de Bombeiros é suficiente para apagar um incêndio nas proporções da queima que foi registrado essa semana. “Tanto é que conseguimos debelar as chamas. O tipo de carga que queimava ali é material altamente combustível: papel, plástico, cera... A ação do bombeiro é fazer a contenção da área que está conflagrada e evitar que ela se propague. Podemos testar na prática que o equipamento que nós temos é suficiente e capaz de fazer frente a situações desse porte”, salienta. O Corpo de Bombeiros tem cerca de 60 homens.
Ele complementa que, embora não há registro de lesões e mortes, pelo tipo de carga que pegou fogo e pelo tamanho da área do prédio (cerca de 800 m²) esse é um incêndio de proporções significativas.
O que poderia ter sido feito caso o prédio residencial pegasse fogo?
O comandante Farias explica que, neste caso, o combate seria invertido para proteção do prédio. Ou seja, se deixaria consumir a estrutura do almoxarifado e se priorizaria o resfriamento da parede do prédio residencial. Além disso, o material combustível para queimar no edifício é de capacidade inferior ao do depósito, que era altamente inflamável. “Deixaríamos queimar o depósito por inteiro. Isso [almoxarifado] não tinha como apagar, caso fosse no edifício, sim, teria como apagar: iríamos eliminar os focos de incêndio, e a carga combustível do prédio não era tão grande”.
A estrutura que queimou
A estrutura queimada era de madeira em formato de meia lua, com cobertura de folhas de zinco, media cerca de 800m²e foi construído para as festividades alusivas ao primeiro Centenário de Passo Fundo, no ano de 1956. Posteriormente, em 1966 e 1968, serviu de palco para a realização da 1ª e 2ª Efrica. Atualmente era utilizado como almoxarifado da secretaria de Educação e coordenadoria de Patrimônio da Prefeitura de Passo Fundo. A partir de agora, o Ginásio Maggi de Césaro vai abrigar o setor de almoxarifado, até que outro espaço seja definido.
O material histórico da prefeitura está a salvo, garante Dipp, já que os documentos são todos microfilmados para sua preservação.
Do outro lado do fogo
Moradores devem se reunir para fazer levantamento dos danos e definir quais medidas serão adotadas de forma conjunta
Os gritos de “fogo” de crianças da vizinhança e latidos de cachorros anunciaram o começo de uma noite angustiante para os moradores do prédio residencial ao lado do almoxarifado da prefeitura. A proprietária de um apartamento, Arlé Maria Comin, afirma que estava na cozinha se preparando para ir dormir quando o filho chegou em casa e abriu a porta. “Ouvi o barulho e pessoas gritando ‘fogo’. Ouvi um bum e deu um estouro”, relata a terapeuta. Depois do estrondo, ela conta que viu as chamas, entretanto, como mora no 1° andar e há um muro em sua área, o primeiro contato visual com o fogo “não foi tão apavorante”.
Clarão da janela do quarto
Diferente da sua vizinha, a professora Sônia Maria Battisti, que vive no 3° andar e viu as chamas da janela de seu quarto. Assim que a moradora avistou o fogo, desceu e ficou na rua. “Pensei que íamos perder tudo, o que a gente adquire com tanto esforço. Não dava para entrar no apartamento, era muito calor”, lembra. Na residência de Sônia, seis vidros quebraram, o ar condicionado estragou e três persianas derreteram e parte do que sobrou foi retirada pela família. O filho dela, Felipe Miguel Battisti, estudante, conta que estava na sala e pensou que todo o apartamento ia virar fuligem.
Ninguém em casa
Assim que recebeu o telefonema da filha informando sobre o incêndio, Luci Marodin Dedomênico, deixou a sua residência em Marau e veio a Passo Fundo. A filha, moradora, não está na cidade e foi avisada pelas vizinhas a respeito do incidente. “Me ligaram perto do meio dia e já vim para cá. Poderia ter acontecido alguma coisa. Como eu já um incêndio, me apavorei”, confessa a professora aposentada. A área no 3° andar teve alguns vidros trincados e persianas deterioradas. Assim que autoridades chegaram ao local do incêndio, todos os moradores do prédio foram orientados a evacuarem o edifício. Os moradores ficam temporariamente sem luz, água, gás, telefone e televisão a cabo.
E agora?
A síndica do edifício, Geny Costa, explica que por enquanto os moradores vão fazer o levantamento das despesas. “Vamos nos reunir para saber qual o procedimento a ser tomado. A reunião vai acontecer em breve, o mais rápido possível”, diz. Ela salienta que os vizinhos agradecem a Coleurb que, através de sua rede hidráulica, colocou uma mangueira com água a disposição para resfriar a parede do prédio e ainda o esforço do Corpo de Bombeiros para conter o fogo. Moradores também colaboraram para abafar o incêndio.
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