Redação ON
A habilidade com a administração o fez pensar que poderia seguir a profissão do pai, que era comerciante, em Santa Clara do Sul, município de Lajeado. Mas, por volta dos 12 anos, a vocação para o sacerdócio falou mais alto. Urbano José Allgayer voltou-se então aos estudos vocacionais. Em regime de internato foi para o Seminário Menor de São Leopoldo, sem saber falar português. Filho de imigrantes alemães, só sabia falar a língua dos avós que vieram da Alemanha. Aos poucos foi aprendendo a língua pátria. No decorrer dos estudos também aprendeu latim e passou a ter certeza de que sua vida seria dedicada à Igreja.
Aos 86 anos, hoje Bispo Emérito da Diocese de Passo Fundo, Dom Urbano Allgayer, comemora neste dia 10 de dezembro de 2010, o Jubileu de Diamante Sacerdotal. São 60 anos dedicados exclusivamente a vida sacerdotal. Dom Urbano foi ordenado em 1950, pelo então arcebispo de Porto Alegre, Dom Vicente Scherer, na Matriz de Santo Inácio de Lajeado. Dos 60 de vida sacerdotal, 24 foram como presbítero e 36 anos como bispo.
A chegada em Passo Fundo foi em 1982, num momento de transformações políticas para o país. Ele já conhecia a cidade e quando se instalou definitivamente disse ter tido a melhor impressão da comunidade. Durante todo este tempo aprendeu muito e foi testemunha do crescimento geográfico e populacional desta região. Os 17 municípios que atendia no começo transformaram-se em 50. A Diocese que era rural na sua maior parte foi se urbanizando. E, hoje, o grande desafio da igreja, segundo ele, é dar maior importância para a Pastoral Urbana. Não só em Passo Fundo, mas também em cidades como Marau que se transformou em potência.
Dom Urbano conhece muito bem a comunidade que continua servindo. Nestes 28 anos na cidade, percorreu quatro vezes o circuito inteiro, visitado todas as paróquias e capelas, representada por uma população de 800 mil habitantes. Mesmo como Bispo Emérito, desde 1999, não parou de trabalhar.
Novos desafios
Atento às mudanças mundiais, Dom Urbano lembra que no tempo em que iniciou a vida sacerdotal era muito comum as famílias grandes com 8 ou 12 filhos terem mais de um religioso. Hoje, esta vocação está cada vez mais rara, segundo ele. Pelo tamanho da Diocese de Passo Fundo, 130 padres é o limite da proporção habitacional. A redução no número de novos religiosos tem por causa, na visão do Bispo Emérito, a retração do povo católico e cristão de um modo geral. “Sentimos que há uma dificuldade do povo em se aproximar mais da igreja. As romarias que reúnem multidões são práticas automáticas da religião popular, mas não traduzem a religiosidade da forma como entendemos que deva ser”, analisa.
Dom urbano lembra que a Romaria de Nossa Senhora Aparecida começou a ser feita por ele, em cima de um caminhão e reunia alguns poucos fiéis. Hoje, é uma das maiores manifestações do país. “O Papa Bento XVI critica o relativismo do mundo atual. Não há mais aquela devoção que devemos ter, centrada em Deus, Cristo e Maria. As devoções populares são as que atraem mais, como é o caso de Maria Elizabete. São devoções automáticas que não precisam ser divulgada”, explica.
Rotina
Dom Urbano, têm uma rotina que começa bem cedo, logo às 6h. Participa da celebração com os outros dois Bispos (Dom Ercílio Simon e Dom Liro Vendelino Meurer). Faz a leitura dos jornais, incluindo O Nacional. Cumpre agenda de visitas às capelas, atende as organizações da igreja como cursilhos, pastorais e CLJ. Escreve, faz leituras para se atualizar. “Para não sentir a solidão, eu me ocupo sempre”, diz Dom Urbano, lembrando que só está afastado das questões administrativas da igreja. Sempre que o tempo ajuda, ele faz caminhadas e não comete excessos na alimentação. “Mente e corpo devem estar saudáveis”. Entre as leituras que costuma fazer estão as revistas de teologia que o atualizam e, neste momento, está empenhado no manual da Campanha da Fraternidade do próximo ano. Dom Urbano não dispensa também outros autores como Moacir Scliar. Por fim, destaca sua admiração pessoal por Dom Vicente Scherer, sacerdote que o acompanhou e lhe conferiu todas as ordens dentro da Igreja.
Homenagem
Nesta sexta-feira, às 20h, será celebrada uma missão em ação de graças pelos 60 anos de vida sacerdotal, na Capela Sagrado Coração de Jesus. Após será realizado um jantar de confraternização no salão paroquial.