Emancipar está na reta final

Programa ajudou a tirar o bairro Bom Jesus da vulnerabilidade social

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Redação ON

Após quase um ano de execução, o Programa Emancipar está próximo do fim. A prestação de contas está marcada para o dia 5 de fevereiro de 2011. Em Passo Fundo o programa foi desenvolvido no bairro Bom Jesus, onde foram envolvidas cerca de 70 famílias, o que significa mais de 500 pessoas. Ao todo foi investido R$ 175 mil. O Emancipar é um projeto do Governo Estadual, executado em parceria com a prefeitura e que tem como objetivo trabalhar bairros com grande vulnerabilidade social ou que estejam em risco de atingir essa situação.

Segundo o secretário municipal de Cidadania e Assistência Social, Adriano José da Silva, uma das preocupações é com a continuidade do programa. Com a troca de governo não se sabe se ele continuará existindo ou se virá com um novo nome. “O momento é de espera e de expectativa. Inclusive temos que esperar o novo secretário de Justiça e Desenvolvimento Social para ver como vai se dar o processo e podermos ir atrás novamente”, ressalta.

Para Silva o Emancipar foi teve reflexos excelentes naquela comunidade, que anteriormente era alvo de destaque em situações críticas, como roubo, furtos e drogadição. “Hoje tem muito mais notícias positivas do que negativas no Bom Jesus. Isso se deu por causa do envolvimento da comunidade, que se juntou e veio participar do programa. Na lógica da assistência social também considero cumprida a função, por estar trabalhando a independência daquelas famílias e por estar dentro de uma área de grande vulnerabilidade social de Passo Fundo”, avalia. Foram mais de 20 profissionais envolvidos no projeto, entre oficineiros, psicólogos e assistentes sociais.

Para Silva o próximo bairro que mereceria receber o Programa, caso ele permaneça, seria o São Luiz Gonzaga. Hoje essa é uma das regiões onde há os maiores índices de jovens em conflito com a lei. “Hoje está havendo uma mudança de paradigmas na cidade. Antes se falava muito que roubos e assassinatos saiam do bairro Záchia. Hoje temos deslocado esse eixo. As maiores áreas de conflito são Vera Cruz, Integração e São Luiz Gonzaga. No Záchia a situação só mudou porque houve um investimento maciço do Estado”, completa.

O Programa
Em Passo Fundo o programa é desenvolvido através de nove oficinas. O objetivo é fomentar o desenvolvimento de emprego e renda, além de dar uma atividade para as famílias que encontram na área trabalhada. Além disso, o Emancipar também atende uma demanda da comunidade, que é a do esporte. Os jovens foram envolvidos em vários times de futebol de campo, futebol de salão e vôlei. Uma parte dos recursos também ajuda a fomentar esses programas junto à comunidade.
Silva fala que o programa teve como sede a creche Leão XII. Entretanto, os cursos foram realizados de forma descentralizada. “Foi utilizado o telecentro da Semcas, o curso de doces e salgados foram feitos na cozinha da creche, e os de tricô e crochê, biscuit foram realizados no Centro de Referência em Assistência Social da Planaltina”, diz.

O curso
Uma aula dos cursos foi acompanhada. A escolhida foi a de tricô e crochê, que acontece no Cras da Planaltina. Elas são realizadas nas terças-feiras, durante três horas. O material para as aulas é todo cedido pelo programa, e o dinheiro das vendas fica para quem produziu o artesanato.

Alceni Braga, de 52 anos, é uma das aulas. Ela fala que não sabia nada do artesanato, e hoje já vende seus trabalhos. “Sou doméstica há 16 anos. Nas horas vagas venho para cá fazer o curso. Estou aprendendo muita coisa diferente que tem me ajudado na renda”, fala. Para ela, além do curso, o clima das aulas atrai bastante. Além de trabalho elas também constroem amizades, e a aula acontece em meio a risadas.

Terezinha Trilha, de 36 anos, tem problemas de saúde e por isso não pode trabalhar fora. “Cheguei aqui e sabia muito pouco. Com os meus trabalhos consigo cerca de R$ 200. Não é muito, mas ajuda na compra dos meus remédios”, ressalta.

Silvana de Jesus, de 37 anos, é uma das alunas que mais freqüenta os cursos. Ela já fez o de tricô, crochê, pintura e biscuit. “Aprendi a grande parte aqui. Faço faxina e faço os trabalhos. Minha renda no final do mês melhorou muito. Estou vendendo muito bem”, fala. A professora, Jussara Bizar, fala que, em média, as turmas são feitas de 25 alunas. Ao decorrer do ano, muitas arrumam emprego e acabam largando as aulas, mas se perdem o emprego, voltam a procurar.

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