Clarissa Ganzer/ON
Tirinhas, letras de rap, poemas, mensagens de Natal, histórias dos projetos trabalhados com eles durante o ano. Esse é parte do conteúdo do jornal desenvolvido por 20 infratores que cumprem medidas socioeducativas no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) – Regional de Passo Fundo, através da Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire.
Este é um projeto de extensão da Universidade de Passo Fundo (UPF). O coordenador do projeto pela UPF é o professor da Faculdade de Artes e Comunicação (Fac) da UPF, técnico científico da Secretária de Cultura do Estado, João Carlos Tiburski. As docentes Annie Waldette Pereira Tognon e Fabiana Paixão são as coordenadoras pelo Case.
O jornal é composto por 12 páginas que ficam expostas em um suporte de plástico no Case. O lançamento do periódico aconteceu ontem (15) junto com a celebração de Natal da entidade. Familiares dos internos e autoridades participaram do evento, que foi sonorizado pelos grupos de música do Case: a banda Liberdade e os participantes das aulas de percussão
O número de internos do centro é rotativo, ontem foram contabilizados 48 meninos. A instituição recebe adolescentes de 12 até 21 anos incompletos.
Oficinas
Os alunos participaram de quatro oficinas de quatro horas desde cinco de novembro. Na oportunidade, cada turma de dez alunos aprendeu sobre a estrutura de uma página de jornal e sobre o esqueleto da notícia. Eles escolheram o nome do jornal e a maneira como ele foi diagramado. O jornal, chamado Tô Ligado”, é uma parceria dos meninos - que elaboram o conteúdo e o texto – com a Agência de Comunicação da Fac – que diagramou o material.
Segundo a diretora do Case, Maria Salete Machado, durante o mês de janeiro, os internos continuam com as aulas e a previsão é que em março eles lancem a segunda edição do jornal. Tibusrki afirma que o objetivo é que os alunos aprendam a diagramar o conteúdo para que possam estruturar o jornal com a periodicidade que escolherem. “É uma maneira de desenvolver a escrita e a leitura. Eles elevam a autoestima, reconhecem o trabalho que fizeram”, indica.
A professora Annie salienta que a sociedade precisa enxergar os internos como adolescentes normais. “É possível o resgate, sim. Desde que se unam forças”, finaliza.
A partir de março, a Escola Municipal de Ensino Fundamental São Luiz Gonzaga passa a receber o mesmo projeto.
Esse tá ligado...
Um interno de 19 anos que está há um mês e 14 dias no local conta que no início não sabia muito sobre a composição de um jornal, mas foi aprendendo com os professores e os colegas. Ele diz que o programa “mexeu com a cabeça. Faz o cara prestar mais atenção”. O rapaz contou que estava orgulhoso pelo resultado.
Estrutura do jornal “Tô Ligado”
São 12 páginas – seis folhas frente e verso - expostas em um fio colocado em uma estrutura de plástico, feita com canos de PVC.
A estrutura pode ser levada para diferentes e lugares. Diferente de um jornal convencional, o conteúdo pode ser atualizado a qualquer momento, basta mudar o que foi escrito e fazer uma nova impressão.