Glenda Mendes/ON
Desde que o fenômeno La Niña começou a atuar este ano que a preocupação com a escassez de chuvas durante os meses mais quentes do ano preocupava especialmente os agricultores e setores como o de abastecimento de água. Mas depois do mês de novembro, que bateu o recorde dos últimos 30 anos em menor quantidade de chuvas, dezembro mostrou que a atuação do fenômeno perdeu força na região Norte do Rio Grande do Sul.
Em novembro, foram apenas 60 milímetros de chuva, 42% da média para o mês, que é de 141 milímetros. A atuação do La Niña indicava que dezembro seria semelhante e a previsão era de chuvas de apenas 50% da média. Entretanto, até ontem, a quantidade de chuvas já havia ultrapassado a média histórica.
La Niña, que significa a menina, em espanhol, é um fenômeno oceânico-atmosférico que ocorre nas águas do Oceano Pacífico. A principal característica é o resfriamento fora do normal das águas superficiais. O fenômeno não ocorre todos os anos. A frequência é de dois a sete anos e tem duração aproximada de nove a 12 meses, mas existem casos em que pode durar até dois anos.
Um dos principais efeitos do La Niña no clima do Rio Grande do Sul são as chuvas abaixo da média, o que ocorreu nos meses de outubro e novembro, mas que não está sendo verificado em dezembro. Até a tarde de segunda-feira (20) as chuvas atingiram 166 milímetros em Passo Fundo, ultrapassando a média de 161,5 milímetros, segundo informações da Estação Meteorológica da Embrapa Trigo/Inmet. “As chuvas já passaram dos 165 milímetros, então já passamos da média do mês”, comenta o observador meteorológico Ivegndonei Sampaio. E foi por conta da chuva da tarde de ontem (20) que o Corpo de Bombeiros atendeu a seis chamados de socorro de moradores que tiveram suas casas alagadas.
Verão começa nublado
Segundo Sampaio desde o final de semana, as temperaturas máximas têm ultrapassado os 30ºC. “Nos últimos três dias, de sexta-feira (17) para cá, a temperatura ficou acima dos 30ºC. No domingo (19), a máxima foi de 33ºC. Hoje (segunda) a mínima foi de 19,5ºC e a máxima chegou aos 31ºC”, destaca o observador.
E a chuva deve voltar hoje, fazendo com que o verão comece sem sol. “O verão se inicia às 21h38 desta terça-feira (21), pelo horário de verão, e o dia deve ficar nublado a encoberto, com pancadas de chuva e períodos de melhoria. A mínima será de 18ºC e a máxima não passa dos 28ºC”, destaca Sampaio.
A quarta-feira (22) não muda muito. “O dia será nublado a encoberto, com chuva em áreas isoladas”, completa o observador. As temperaturas devem variar entre a mínima de 18ºC e a máxima de 26ºC. A quinta-feira (23) será de céu parcialmente nublado a nublado, podendo chover em áreas isoladas, “a temperatura entra novamente em ligeira elevação, com mínima de 17ºC e máxima de 30ºC”, informa Sampaio.
A sexta-feira, véspera de Natal, poderá ser de menos nuvens, “mesmo assim não se descarta pancadas de chuva em áreas isoladas. A mínima será de 18ºC e a máxima de 31ºC”, salienta.
La Niña
De acordo com Sampaio, o La Niña não apresentou efeitos tão severos nas regiões noroeste, norte, nordeste, centro do Rio Grande do Sul. “Alguns municípios do extremo sul, oeste e divisa com Argentina já vem sofrendo com estiagem, até mesmo com a questão de abastecimento”, comenta Sampaio. Já para o Norte do RS, os efeitos não foram tão fortes, especialmente no mês de dezembro. “Municípios vizinhos como Soledade, Marau, choveu mais que aqui”, completa o observador.
Expectativa
Para janeiro, os institutos de meteorologia apontam chuvas dentro da média ou um pouco abaixo, “não deve ser muito diferente de dezembro, com temperaturas características, que muitas vezes devem chegar a 34ºC, 35ºC. Vai fazer muito calor. Para fevereiro estão apontando, e aí sim praticamente em todo o Estado, mês de igual a novembro, com bem pouca chuva”, avisa o observador.
O último verão
Segundo Sampaio, em dezembro de 2009 a quantidade de chuvas foi de 142 milímetros, sendo que a média é de 161,5 milímetros. Em janeiro deste ano, foram 126 milímetros e a média é de 143,4 milímetros. Em fevereiro, foram 103,6 milímetros e a média é de 148,3 milímetros. Já em março ocorreu o menor índice, somente 68 milímetros da média de 121,3 milímetros.