Ah, essa chuvinha de verão...

Até a tarde de ontem foram registrados 165 milímetros de chuva na Embrapa Trigo. Lixo e materiais de construção são os principais elementos que entopem bueiros

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Clarissa Ganzer/ON

Nos últimos dias, foi possível observar pancadas de chuvas de localização específica, intensas e de curta duração. Durante a tarde de segunda-feira (20), o observador meteorológico da Estação Meteorológica da Embrapa Trigo/Inmet, Ivegndonei Sampaio, acredita que entre as 17h e 17h20 deve ter chovido mais de 50 mm em diferentes bairros de Passo Fundo. “No Boqueirão, na Santa Marta, Vila Luiza, São Cristóvão, Petrópolis, São José e Vila Operária”, exemplifica.
Ele complementa que até a tarde de ontem (21) já foram registrados 165 mm de chuva na Embrapa Trigo, sendo que a média do mês de dezembro é de 161,5 mm. Essas precipitações rápidas e fortes são chamadas de chuvas de verão, mas por que elas acontecem dessa forma?

Fenômeno típico da estação
Essas chuvas (localizadas, intensas e durante um curto intervalo de tempo) são características da época do ano: final da primavera e verão. Aliás, o verão iniciou nessa terça-feira (21), às 21h38. O Agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, explica que o fenômeno é comum nesse período e está associado ao processo de formação de nuvens. “Isso se dá em função do aquecimento e evaporação da água do solo. Nos dias quentes se formam nuvens de grande desenvolvimento vertical, que se chama cumulonimbos”, diz. As nuvens têm área de abrangência limitada e um grande desenvolvimento vertical, sendo que o seu topo atinge 10 ou 12 km de altura. No verão, elas são chamadas chuvas convectivas, já que elas se formam por um processo de convecção.

Chuva de granizo
O tipo de formação dessas nuvens também está associada a formação de granizo que atinge uma parte da cidade, enquanto a outra não registra nada.
No inverno, o mecanismo de formação de chuvas é diferente. “É a entrada de frentes frias, grandes massas de ar, que ocorrem chuvas mais lentas e não tão intensas”, justifica.

Bombeiros não precisaram atuar
Entretanto, as chuvas de verão têm causado transtorno para os passo-fundenses. Na tarde de segunda-feira, o Corpo de Bombeiros recebeu chamadas de moradores da cidade informando que a água havia entrado em suas casas. “Mas os Bombeiros não precisaram atuar. Eram lugares em que a água subiu cerca de cinco cm, coisas que podem ser resolvidas pelos próprios moradores”, argumenta o major Gilcei Leal. Ele salienta que as pessoas devem limpar a calha em suas casas para que elas não fiquem entupidas.

A responsabilidade da população
Além de fazer a limpeza permanente em locais que podem impedir que a água corra em dias de precipitações, é necessário o cuidado com o lixo e, no caso das construtoras do material de construção.
O coordenador de serviços industriais da Secretária de Obras do município, Rudimar Thomé, comenta que em alguns pontos de Passo Fundo, as caixas de captação das águas pluviais, os bueiros, não conseguem captar todo o líquido que recebem ou porque papeis ou plástico impedem a passagem ou porque areia e britas estreitam o caminho percorrido pela água. “São sacos plástico, garrafas plásticas. Ainda há os problemas de algumas construtoras que deixam areia, brita e pedaços de tijolos na rua. Esses materiais saturam o bueiro”, indica.
Os bueiros podem ter de 300 mm até 1,50m. Thomé acredita que a coleta seletiva na cidade, através dos contêineres, pode melhorar esta situação. “É importante que as pessoas também não deixem terra, grama e galhos na sarjeta, porque a água passa e leva para os bueiros. A cidade é nossa, dos passo-fundenses, não dá prefeitura”, finaliza.

O transtorno da população
A proprietária de um salão de beleza na esquina da Rua General Osório com a Fagundes dos Reis, Marilene Vieira, contam que na segunda-feira a água entrou no estabelecimento e tudo ficou alagado. Há dois anos ele trabalha no local e afirma que a situação é recorrente. “Já tiramos uma foto e fomos na Câmara de Vereadores”, diz. De acordo com ela, vizinhos próximos tentavam tirar lixos de outros bueiros também entupidos para dar que a água pudesse escorrer.

Estrutura
A prefeitura disponibiliza quatro equipes com seis homens cada uma para fazer o trabalho de desentupimento em bueiros. Segundo Thomé, a Secretária de Obras recebe as reclamações e imediatamente faz o reconhecimento da situação, trabalhando na hierarquia da situação pior para a melhor.  
Na segunda-feira foram feitos atendimentos na Vila Annes, Vila Rodrigues e Bairro Lucas Araújo.

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