Comida que põe saúde na mesa

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Glenda Mendes/ON

Consumir um alimento saboroso que fornece ao organismo tudo o que ele precisa e, ainda, contribuir para acabar com os desequilíbrios que causam doenças é o que a opção pelos produtos agroecológicos pode proporcionar. É saúde diretamente na mesa. E, como ON já mostrou nas reportagens anteriores desta série, é possível encontrar estes alimentos com facilidade: basta procurar a Feira Ecológica, que acontece todos os sábados pela manhã, na avenida Brasil, em frente ao Colégio Fagundes dos Reis.

Quem já aderiu aos produtos desta feira e, com isso, mudou a alimentação, sabe bem os benefícios à saúde e ao meio ambiente que são possíveis através do incentivo à agroecologia. Um exemplo disso vem do casal Muriel Donato, que é cirurgiã-dentista, e Cleomar Viapiana, que é engenheiro e ciclista.

Há dois anos eles conheceram a alimentação macrobiótica e hoje encontram na Feira Ecológica a principal fornecedora dos produtos que consomem. De lá para cá, somente tiveram mudanças positivas em suas vidas. De acordo com eles, disposição e energia não faltam desde que trocaram os alimentos “normais” pelos agroecológicos.

É essa história que será contada agora, na terceira e última reportagem da série sobre agroecologia, que apresenta o último eixo da cadeia: os consumidores.

Sábado é dia de feira
A rotina de Muriel, aos sábados começa cedo. Por volta das 6h30 já está na rua, mais precisamente na avenida Brasil, fazendo compras na Feira Ecológica. Essa rotina ela segue há dois anos, desde que conheceu os produtos oferecidos por lá e aderiu à alimentação macrobiótica. “Tudo começou há dois anos. A irmã do Cleomar aderiu à macrobiótica e nós acabamos aderindo também. O cunhado dele era quem ia à feira e nos convidou. Eu pensava, ‘sábado de manhã, 6h30, ir à feira...’, era o único dia que eu tinha para dormir. Mas fui uma vez e nunca mais deixei de ir. Faz dois anos que vou toda semana. Chego lá entre 6h30 ou 6h45, para conseguir os melhores produtos”, conta Muriel.
Logo na primeira visita, ela percebeu que os produtos ecológicos eram mais bonitos que os que costumava encontrar. “Quando comecei a ir todos os sábados, vi que os produtos são muito melhores, são produtos frescos. Além de ser orgânico é recém colhido, na véspera. No supermercado eles estão em câmara fria, é um produto que parece morto, e lá na feira parecem vivo, tem um aroma diferente, uma textura diferente, é mais gostoso e saboroso”, salienta.

Alimentos para a semana
Além de dar preferência para os orgânicos, Muriel e Cleomar também optaram por não comer alimentos de origem animal. “Hoje a gente não come nada de carne, nem um produto de origem animal, nem ovo, nem queijo. Usamos então o leite de soja e nosso queijo é o tofu”, explica Muriel. Tofu este que ela encontra na Feira Ecológica.

Entretanto, alguns cuidados precisam ser tomados para que os vegetais adquiridos na feira durem a semana toda. Para isso, higienizar e armazenar adequadamente faz parte da rotina. “Quando chego da feira já higienizo tudo: lavo, passo na água com cloro, seco e guardo nos organizadores na geladeira. Então, eu tenho os vegetais para a semana inteira. Só que se eu fosse comprar no supermercado eu não teria para toda a semana, não dura. Porém, como é recém colhido, eu tenho durabilidade maior, é mais saboroso e sem contar que é orgânico e mais barato”, ressalta.

Aparência não é tudo
Uma das bases da agroecologia é respeitar o tempo natural de amadurecimento das frutas e crescimento dos legumes e hortaliças. Por isso, muito depende do clima. “Como é sem agrotóxico, às vezes não é tão bonito. Conforme a época, se chove, se não chove, influencia na aparência. Tem dias, por exemplo, que o brócolis, a couve-flor não estão tão bonitos, mas na semana seguinte vai estar lindo. Então, no mercado, pode estar lindo, mas é só bonito, porque é sem sabor”, argumenta.

Outro segredo é consumir somente os produtos da época, pois o sabor é mais característico. “Só consumo frutas, verduras e legumes que têm na feira, porque sei que são sem agrotóxico e que os agricultores respeitaram o crescimento natural das frutas e vegetais”, completa.

Mais saúde, mais energia

“A gente optou por ser mais saudável”, resume Muriel sobre as mudanças que sentiram desde que mudaram a alimentação. De acordo com ela, as condições de saúde são as primeiras a demonstrar melhora. “O Cleomar é atleta, ciclista, depois que ele começou com a macrobiótica, com essa alimentação saudável, o rendimento dele melhorou”, comenta.

Mas para isso, toda a alimentação é preparada em casa. “Eu não compro nada pronto. O pão integral eu faço, também os biscoitos, o bolo”, enfatiza. E desde então, perceberam-se melhores fisicamente. “Nossa disposição, nossa energia, tudo melhorou. A gente só teve resultados bons”, avalia.

Mais trabalho, mais prazer

Contudo, o consumo e a preparação de alimentos saudáveis requerem tempo disponível para seguir alguns passos. Além de ter que acordar cedo para ir à feira e organizar a geladeira, o cozimento e a preparação solicitam disponibilidade. “Dá mais trabalho, mas eu amo cozinhar. Só que hoje eu acho que me dá menos trabalho a macrobiótica do que a comida comum, normal. Eu me acostumei”, afirma.

Este hábito é levado a sério por Muriel, que prepara diariamente pratos de encher os olhos. Depois de aprender o básico das receitas, ela passou a criar as próprias e hoje se orgulha dos pratos que prepara. “Eu gosto de montar um prato bem diversificado. Dá trabalho, mas não me importo. Claro que quem não tem tempo, teria que administrar. Alguma coisa dá para fazer e congelar. Mas eu cozinho porque acho prazeroso”, ressalta.
Para aprender como preparar os alimentos, ela participou de diversos cursos. “Como eu não entendia nada de proteína de soja, como podia preparar um tofu, como fazer com um prato que vai queijo substituindo por outro alimento eu fui para Caxias do Sul, onde existe um restaurante macrobiótico e fiz cursos. Quando entendi bem como fazer esse tipo de alimentação, eu mesma criei meus pratos e faço almoço e janta todos os dias. Hoje sei o que posso criar”, salienta
(Fotos: Glenda Mendes/ON)
Na cozinha de casa, Muriel mostra cada um dos recipientes com grãos, sementes e outros produtos naturais
Na geladeira, tudo é guardado em organizadores, mas somente depois de lavados e secos
Cada refeição é montada em um prato, todo colorido: bonito aos olhos e agradável ao organismo -(Foto: Arquivo pessoal)

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