Natália Fávero/ON
Ele não tem a pele enrugada, barba branca, barrigão e também não é baixinho. Pelo contrário, é alto, pele bem esticada e cabelos castanhos. Mas, isso não impede que Daniel Trevisane, de 28 anos seja um Papai Noel. Ele trabalha em um escritório de advocacia na função de encarregado administrativo. No período de Natal, ele troca o visual “social” do dia-a-dia, pela vestimenta do bom velhinho. Ou melhor, mais que isso, incorpora o verdadeiro espírito natalino.
A sua nova profissão iniciou no Natal passado quando foi convidado por um grupo de voluntários para ser o Papai Noel. A experiência despertou um sentimento de realização pessoal e fez com que ele vestisse o traje novamente nesse ano. Ele faz a alegria das crianças de muitas vilas carentes de Passo Fundo. Muitas vezes, elas até questionam a juventude do Papai Noel, mas rapidamente ele explica que é o filho de Noel. “Nunca imaginei ser Papai Noel, mas no ano passado me convidaram e eu disse vamos lá. Esse ano foi a segunda vez. Estar lá, abraçando e recebendo o carinho das pessoas não tem explicação”, disse Trevisane.
O trabalho é feito anualmente por voluntários. Cada um ajuda como pode e arrecadações são feitas no município. Os brinquedos, as roupas, os calçados e os alimentos são distribuídos nos bairros mais pobres. “É um trabalho que me emociona muito. É nessas situações que a gente percebe a carência das pessoas. Se cada um pudesse fazer um pouquinho...”, declarou.
O jovem Papai Noel afirma que dar e receber um abraço faz toda a diferença na vida das pessoas
Sentimento de um jovem Papai Noel
Trevisane trabalha em um escritório de advocacia, atende clientes e coordena alguns estagiários. Desde a infância participa de encontros de jovens na Igreja Católica e sempre foi envolvido com trabalhos voluntários. “Cada vez que eu visto a roupa do Papai Noel parece que é uma sensação diferente. O que mais emociona é estar no meio das pessoas recebendo o carinho e ver as crianças correndo atrás do Papai Noel como se ele fosse uma celebridade”, disse.
O jovem Papai Noel acha que as pessoas deveriam participar mais. Ele afirma que dar e receber um abraço faz toda a diferença. “Se para mim é importante imagina pra eles”, explicou.
Os amigos parecem não se importar de ter um amigo Papai Noel. Trevisane disse que muitos acabaram adotando a boa ação e até vão junto para entregar os presentes.
Se depender desse jovem, o futuro desse Papai Noel vai ser longo. “Enquanto eu puder, serei Papai Noel. Isso me satisfaz e me sinto bem. Faço porque gosto e acho interessante esse trabalho”, argumentou Trevisane.
Além de distribuir os presentes, o Papai Noel tem que dedicar uma atenção especial às crianças e até mesmo para os adultos
“Ser Papai Noel tem muito haver com a humildade. Ser humilde é tudo na vida de uma pessoa, não adianta ser uma coisa que você não é. Todo mundo deveria ser Papai Noel por um dia”
Carência de recursos e de carinho
A realidade das vilas chamou a atenção do jovem Noel. “Muitas famílias vivem em situação precária, não tem água e nem energia elétrica. Dormem em seis numa mesma cama e às vezes, uma única peça abriga uma família inteira. Muitas vezes, eles não têm o que comer”, relatou Trevisane.
Uma das histórias tocou o jovem Papai Noel. “Uma pessoa veio na minha direção e pediu um presente, mas todas as doações já haviam sido entregues. Pedi desculpa e falei que não tinha mais. Ela olhou para mim e disse que só queria um abraço do Papai Noel”, contou.
Quem é Papai Noel?
Há quem diga que o personagem foi inspirado em São Nicolau , arcebispo de Mira na Turquia, no século IV. Nicolau costumava ajudar, anonimamente, quem estivesse em dificuldades financeiras. Colocava o saco com moedas de ouro a ser ofertado na chaminé das casas. Sua transformação em símbolo natalino aconteceu na Alemanha e daí correu o mundo inteiro. Papai Noel é uma figura lendária que em culturas ocidentais entrega presentes nas casas das crianças na noite da véspera de Natal. Atualmente, ele é retratado como um homem rechonchudo, alegre e de barba branca. Usa casaco vermelho e calças vermelhas e cinto e botas em preto. Essa imagem se tornou popular, nos Estados Unidos e no Canadá no século XIX. Conforme a lenda, Papai Noel mora no extremo norte, numa terra de neve eterna. Na versão americana, ele mora em uma casa no Polo Norte. Ele vive com sua esposa Mamãe Noel, incontáveis elfos mágicos e renas voadoras.
“As crianças sempre dizem: Nossa! Um Papai Noel tão novo! Daí eu explico que sou filho do Papai Noel”