Leonardo Andreoli/ON
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Os estragos causados pela chuva de terça-feira (04) foram motivo de uma manifestação na divisa entre o Bairro Vera Cruz e a Vila Operária na manhã de ontem. Os moradores da região perderam móveis, roupas, eletrodomésticos e alimentos quando a água invadiu as casas. Cerca de 50 pessoas trancaram o cruzamento entre as ruas Castanho da Rocha e Alferes Rodrigues por 1h30. O secretário de Obras, Ermindo Simonetti, foi até o local e prometeu que obras para melhorar a vazão de um riacho que corta os bairros serão iniciadas na próxima segunda-feira (10).
Eduardo Viana mora no bairro há 28 anos. Ele é um dos organizadores do manifesto e explica que quase toda vez que chove o drama se repete. “Tudo fica estragado. Hoje estamos com as coisas pra fora de casa para secar. Geladeira estragada, tanto eu quanto os vizinhos. Estamos fazendo essa manifestação para ver se o prefeito e as autoridades competentes resolvem isso”, explicou no início do protesto. Segundo ele a prefeitura, em outras ocasiões, já havia se comprometido em resolver o problema, mas nada foi feito. “O problema é a ponte e a canalização da sanga”, aponta. Ele lembra também que a comunidade geralmente se mobiliza para ajudar às famílias que tiveram perdas m enchentes.
A presidente da Associação de Moradores da Vila União e secretária geral da Uampaf, Helena Vieira, estava presente. Ela lembrou que várias reuniões foram realizadas com a prefeitura, e as secretarias de Obras e Meio Ambiente, e também com os moradores dos bairros próximos. “Queremos que de imediato seja feita uma dragagem nessa sanga, uma limpeza, para que nos dias de chuva a sanga possa encher sem invadir as casas”, destaca.
Para Vieira, o problema se intensificou depois que uma ponte foi construída sobre o arroio em questão. “A ponte estreitou a sanga e quando chove a água invade as casas. Ontem a água se acumulou por uma quadra de distância. Molhou alimentos, móveis, tudo que as pessoas têm. Já encaminhamos um projeto pedindo para fazer galerias. Não tem como viver assim, cada dia que chove as pessoas ficam com a angústia, o medo de perderem novamente as coisas que tem”, desabafa.
Maior vazão
O secretário de Obras, Ermindo Simonetti, foi até o local ouvir os moradores e apresentar uma proposta. Em meio aos gritos de alguns manifestantes, ele explicou que já havia passado por outro ponto da sanga em que ela represa a água. “A primeira ação que será começada no início da semana que vem será a dragagem para fazer com que a água tenha vazão, além disso colocaremos um reforço com um tubo de 1,2 metro em uma galeria”, antecipou. Ele esclareceu que está é a medida que ele pode adotar emergencialmente para resolver o problema. “Vamos começar pela dragagem e ver como se comporta. A dragagem vai fazer com que a vazão da água aumente”, justificou.
Alguns moradores chegaram a dizer que não podem esperar para ver como a água vai se comportar. O organizador da manifestação, no entanto, ficou otimista com o anúncio. “Se não alagar mais tudo bem, se continuar é a canalização que precisamos”, ponderou.
Casa invadida
Carina Domingues mora no bairro há 10 anos e foi uma das que teve a casa invadida pela água na tarde de terça-feira. Ela e a família se mobilizaram durante o dia de ontem para colocar a casa em ordem. Os móveis molhados, a marca da água nas paredes e o cheiro do rio permaneciam. “Em qualquer chuva ficamos com medo. Antes mesmo de começar a gente ergue as coisas. Tenho cinco filhos, sou doméstica, então é difícil, as vezes você está no serviço e tem de voltar pra casa e ver tudo que tu conquistou abaixo de esforço estragado”, lamenta. Ela observa que a maioria das famílias prejudicadas tem baixa renda e dificuldades para readquirir o que foi perdido. “Não é só a minha casa, mas de todos os moradores que estragou. Além disso, pode causar doenças, uma leptospirose, matar alguém. Ontem dentro da minha casa tinha rato, sapo, um monte de coisa. Está tudo estragado. Perdi móveis e comida. A casa está com um cheiro ruim”, finaliza.
Há cerca de quatro anos um morador da vizinhança morreu vítima de leptospirose depois de uma enchente. O medo dos moradores é de que a situação se repita e de que crianças possam ser contaminadas pela doença que é contraída através da urina do rato. Entre os sintomas estão diarreia, dores no abdômen e hipotensão.
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Atualizada às 00h13