Leptospirose faz vítimas em Passo Fundo

A primeira morte confirmada por leptospirose e outros três casos suspeitos deixam em alerta as autoridades em saúde. Todos teriam entrado em contato com sangas e riachos nos últimos 20 dias

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Natália Fávero/ON

A confirmação de uma morte por Leptospirose e outros três casos sendo investigados colocam as autoridades da saúde do município em alerta. Wellington Nunes de Oliveira, de 12 anos morreu um dia depois do Natal, após tomar banho no rio Passo Fundo, no bairro São Luiz Gonzaga. O resultado das amostras coletadas para análise comprovou na última sexta-feira, a causa da morte: leptospirose. Um amigo dele, de 13 anos ficou dez dias internado e recebeu alta há poucos dias. Outros dois rapazes de 20 anos também são suspeitos de contraírem a doença. Um deles continua internado. Todos tiveram contato com a água de rios em lugares impróprios para banho nos últimos dias e foram tratados no Hospital São Vicente de Paulo. A Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde está intensificando os trabalhos de prevenção instalando placas com alertas, visitando as residências e colocando veneno para ratos nos bueiros, já que os roedores são os principais transmissores da doença. No ano passado, foram notificados cerca de dez casos suspeitos e nenhuma morte. O Hospital está notificando os casos para a Vigilância Epidemiológica e depois para a Vigilância Ambiental. Após contatar as famílias, a vigilância vai até os locais onde as vítimas podem ter contraído a doença, analisa a água e o terreno e fixa placas de alerta. Até agora, quatro pontos do Rio Passo Fundo receberam as placas. Duas foram colocadas no bairro São Luiz Gonzaga, onde o menino morreu e outras duas próximas, a Rodoviária. Armadilhas com veneno para ratos estão sendo colocados nos bueiros.
Segundo a coordenadora da Vigilância Ambiental, Elonise Dalpiaz, com a chuva dos últimos dias, o nível de água está
maior e acaba extrapolando os bueiros e os ratos se espalham com facilidade. A recomendação é para que as pessoas não
tomem banho em locais inapropriados que não possuam alvará de funcionamento e evitem a exposição nas águas das chuvas. “A bactéria presente na urina do rato penetra na pele e nas mucosas das pessoas. A falta de saneamento faz com que os esgotos desemboquem sem tratamento nos rios facilitando a presença de roedores”, explicou Elonise. A Vigilância
Ambiental pediu que a comunidade denuncie esses locais impróprios para banho através    do telefone (54) 3046-0073.

Wellington morreu no dia 26 de dezembro O menino de 12 anos costumava tomar banho no rio Passo Fundo, no bairro São Luiz Gonzaga quase todos os dias. O local fica próximo a pedreira da São Luiz, que serve como depósito de entulhos e lixo. Além disso, o esgoto da maioria das casas ao redor não é tratado. As condições do ambiente favorecem a presença de roedores. Wellington que não atendia aos conselhos da mãe insistia em frequentar o rio. Segundo Luciana de Oliveira, o filho costumava ser alegre, adorava pescar e nadar. Era apaixonado por bichos e pela pesca. “Ele ia todos os dias e eu falava filho chega de água”, conta a mãe. Uns dias antes do final do ano, Wellington foi novamente nadar no rio. Quatro dias
depois começou a ter febre, dor de cabeça, fraqueza nas pernas e tontura. Levou o menino ao Posto de Saúde do centro e posteriormente ao Hospital Municipal que encaminhou o caso para o Hospital São Vicente de Paulo. O menino recebeu atendimento, mas não foi internado imediatamente. “Voltei três vezes para casa antes de ele ser internado. Quando ele conseguiu a internação ficou cinco dias no CTI e morreu”, disse a mãe. Segundo Luciana, os exames não apontaram nada. A bactéria intesnos pulmões foi aparecer em um raio X. Ele estava com pneumonia e logo depois foi intubado. A bactéria tomou conta dos outros órgãos e no dia 26 de dezembro o menino faleceu. A mãe disse que os médicos suspeitavam que poderia
ser leptospirose, mas o resultado saiu só nessa semana. Luciana e o irmão de Wellington, de 8 anos mudaram de casa
para esquecer as lembranças. Em meio a saudade, a mãe faz um apelo. “Aparentemente esses lugares não apresentam perigos. Peço que os pais impeçam que seus filhos frequentem esses rios. Essa doença não é brincadeira. Ela tirou a vida do meu filho”, declarou Luciana

Leptospirose

Sintomas:

O médico infectologista, Gilberto Barbosa explica que a leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria com cerca de 200 espécies diferentes e algumas delas podem originar infecções. Geralmente ela é uma infecção aguda, com um
quadro parecido com o da gripe, exceto os sintomas respiratórios. Nos primeiros dias ela manifesta os sintomas de febre, dor de cabeça, dores musculares, principalmente nas pernas, e dores nas juntas. Náuseas, diarréia e dor abdominal podem acompanhar esses sintomas. Na segunda fase, os sintomas são mais graves e ocorrem alterações nos rins, amarelão
nos olhos e hemorragias. “Cerca de 10% dos pacientes chegam a segunda fase de hemorragia pelo intesnos tino ou pelo pulmão e quando isso acontece pode se ter até 50% de vir a óbito”, explicou Barbosa.

Transmissão:

O hospedeiro definitivo dessa bactéria são os roedores. Os ratos são infectados e eliminam essa bactéria pela urina por períodos longos e às vezes por toda a existência. Contaminam o ambiente, principalmente a água. “O perigo está nas águas expostas dos esgotos a céu aberto e açudes, que entram em contato através da pele”, disse o especialista. A leptospirose deixou de ser uma doença do interior. “Antigamente ela era mais relacionadas a zona rural, mas temos constatado cada vez mais o diagnóstico dela nas pessoas que  moram na área urbana próximo a esgotos ou em terrenos em que os roedores
costumam transitar”, explicou.

Prevenção:

A prevenção baseia-se no saneamento básico, na canalização dos esgotos e na remoção dos depósitos de lixo. O calor provoca chuvas intensas e alagamento  que disseminam a bactéria. As pessoas devem evitar utilizar locais que
não possuem alvará da Vigilância Ambiental e Sanitária.

Providências e tratamento:

Ao observar os primeiro sintomas as pessoas devem procurar um posto de saúde. Caso haja suspeita é coletado o material e encaminhados para Porto Alegre para análise. A doença pode ser tratada com antibióticos quando detectada no início.

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