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Preservação dos recursos naturais através da economia de energia elétrica e papel são algumas das ações adotadas na Secretaria Municipal de Meio Ambiente com a implantação da A3P

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Glenda Mendes/ON

Aqueles conselhos e avisos de pai e mãe sobre não deixar a torneira aberta ou para apagar a luz ao sair do quarto são, cada dia, mais preciosos. E segui-los vai além da simples economia na conta que se paga todos os meses. O consumo consciente desses recursos naturais é preservação do meio ambiente. Da mesma forma, economizar papel e optar por produtos de maior durabilidade podem ser a grande diferença entre o desperdício e a economia.

Melhor ainda se toda essa economia for feita com recursos públicos. Afinal, ninguém aprova desperdício feito com o dinheiro arrecadado através dos impostos que os cidadãos se esforçam para pagar. Entretanto, são pequenas ações que, somadas, podem fazer a grande diferença. Tal como está sendo feito na Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

Com a adesão à A3P, que é a Agenda 21 dos órgãos públicos, a secretaria começou, em novembro do ano passado, a modificar algumas atitudes que já estão gerando bons resultados. “A A3P é um programa proposto pelo Ministério do Meio Ambiente, dentro das discussões da Eco 92, que é uma proposta para que o município se programem para o século 21”, explica o secretário municipal do Meio Ambiente, Clóvis Alves.

Durante o ano de 2010, a secretaria deu início ao processo de adesão à A3P. E, como não poderia ser diferente, passou a aplicar na secretaria as primeiras ações de mudança. É o exemplo que começa em casa, pois ações voltadas à preservação do meio ambiente deveriam começar na Secretaria do Meio Ambiente.

“A A3P é um programa de sustentabilidade. Procura fomentar dentro dos setores da administração pública o respeito aos recursos naturais: a economia de energia, de água, reaproveitamento de papel, uso do copo retornável, da sacola retornável”, destaca Alves. Além disso, mudanças de comportamento, como o incentivo para que os colegas de departamento andem e ofereçam carona, ou que dêem preferência para ir ao trabalho a pé, de ônibus ou de bicicleta fazem parte das conversas propostas no setor. “Isso é para despertar dentro do funcionalismo público esse exemplo de preservação ao meio ambiente e consequentemente ao dinheiro público, porque economizando luz vamos gastar menos recursos públicos, que poderão ser investidos em outros setores”, enfatiza Alves.

Como começou o processo
O primeiro passo para a implantação das novas ações foi a estruturação de uma comissão, com representantes de várias secretarias para então firmar o convênio com o Ministério do Meio Ambiente. “Depois, pegamos então a secretaria como piloto, porque na verdade o convênio é da prefeitura como um todo, mas para começar, tem que ser com projetos piloto em alguns setores para que vá irradiando, convencendo na totalidade, as pessoas a aderirem a este programa”, argumenta Alves. A adesão ao programa fez com que a prefeitura de Passo Fundo fosse a primeira no Rio Grande do Sul a adotar a A3P.
Com isso, os funcionários da secretaria foram convocados a aprender sobre a A3P. “O enfoque que queremos dar, além da questão do respeito aos recursos naturais, que começa com a compra dos produtos que usamos, é a questão da qualidade de vida no ambiente de trabalho”, ressalta o secretário. Com isso, algumas atitudes como a separação do lixo em casa e no trabalho, a prática de exercícios físicos e alimentação saudável tem sido alguns dos assuntos incentivados.

Os exemplos

Para mostrar que a implantação é mesmo uma coisa séria, a secretária adotou o uso de copos retornáveis. Todos os funcionários receberam um copo de vidro e, com isso, deixaram de usar copos plásticos. Além disso, a preferência foi por copos recicláveis, feitos por um artesão a partir de garrafas long neck. Também foram distribuídas sacolas retornáveis.
Essas ações incentivaram, por exemplo, o estagiário Wilson Castanheira Neto, que trabalha na secretaria há quase um ano. Com aprovação dos colegas, ele usa apenas a bicicleta para os deslocamentos. “Sempre venho trabalhar de bicicleta. Tenho 17 anos e isso favorece para que venha de bicicleta, porque ainda não posso dirigir. Mas desde pequeno ando de bike, então fica mais fácil. É mais rápido que a pé, além da questão do meio ambiente, que eu preservo não vindo de carro. Moro no bairro Santa Maria e vir de bicicleta fica fácil para mim”, conta.
Greice de Oliveira, estagiária, é outro exemplo de cidadã consciente, pois optou a ir para o trabalho sempre a pé, “porque além de fazer exercício, ainda contribuo com meio ambiente. Deixo de vir de carro ou de ônibus para vir a pé, para ver a paisagem da cidade. Faz tempo que tenho essa pratica, sempre preferi a pé. É mais rápido e menos estressante que enfrentar o trânsito”, destaca.

Equipamentos inteligentes
As ações práticas somente começaram em novembro do ano passado, por isso ainda não é possível quantificar, financeiramente, a economia de recursos que está sendo praticada na Secretaria de Meio Ambiente. “É muito inicial ainda o projeto. Vamos deixar rolar um ano para fazer um comparativo das contas de luz e de água, por exemplo”, comenta Alves.
Para que a economia desses recursos começasse a acontecer, algumas medidas foram adotadas, dentre elas a troca das lâmpadas comuns pelas econômicas. Nos próximos meses serão trocadas todas as torneiras por equipamentos inteligentes. Além disso, janelas abertas garantem iluminação e ventilação sem que seja necessário o uso do ar condicionado.
“A mudança de comportamento é muito lenta e gradativa. Você mexe com a cultura da pessoa que há 20, 30 anos ou mais fazia as coisas de um determinado jeito e então ela tem que mudar uma prática que já vem fazendo há anos, quase que de maneira automática”, avalia o secretário.

Educação ambiental
Separar o lixo é uma dos primeiros hábitos instituídos em todas as secretarias. Para isso, a secretaria fomentou a publicação de um decreto determinando que todos os setores públicos municipais separassem seu lixo e destinassem o material reciclável para as cooperativas de catadores. “O decreto obriga as repartições públicas municipais a destinar todo o material reciclável para as cooperativas. Foi uma iniciativa provocada, pensando já na A3P”, completa Alves.
“Quantificar o que se economizou de recursos públicos ainda não conseguimos, pela fase inicial em que se encontra o projeto. Mas na secretaria convocamos os funcionários e fizemos uma reunião mostrando, com slides, o que é a A3P, os objetivos, o que queremos alcançar com isso e porque o estamos fazendo”, destaca a responsável pela educação ambiental, Sandra Tumelero. Assim, todos os funcionários têm conhecimento de como devem agir. “E então vieram as ações práticas. Podemos somar as mudanças de atitudes práticas”, salienta.

Compra verde
Muitas coisas mudaram na secretaria desde que se pensou nessa mudança de comportamento. Uma delas foi uma revisão nos materiais que eram comprados. Agora, se pratica a compra verde, ou seja, através de uma pesquisa são procurados produtos de maior durabilidade e qualidade que, no final, geram uma economia de recursos.
“Nós aproveitamos o papel dos dois lados, para impressão ou para rascunho e também fazendo blocos. Há algum tempo já fazemos isso. Cortamos a folha em quatro pedaços para então fazer blocos. Cartuchos usados mandamos para recarregar em vez de usar um novo”, explica a coordenadora de administração e planejamento, Marianne Marini, responsável pelas compras. “Com a compra verde, pesquisamos produtos que rendem mais e que economizam no custo final. É qualidade e preço bom”, exemplifica.

O que é a A3P?
Segundo definição do Ministério do Meio Ambiente, a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) é um programa que visa implementar a gestão socioambiental sustentável das atividades administrativas e operacionais das administrações públicas. A A3P tem como princípios a inserção dos critérios ambientais; que vão desde uma mudança nos investimentos, compras e contratação de serviços pelo governo; até uma gestão adequada dos resíduos gerados e dos recursos naturais utilizados tendo como principal objetivo a melhoria na qualidade de vida no ambiente de trabalho.
É uma decisão voluntária respondendo à compreensão de que o Governo Federal possui um papel estratégico na revisão dos padrões de produção e consumo e na adoção de novos referenciais em busca da sustentabilidade socioambiental. O programa tem como diretriz a sensibilização dos gestores públicos para as questões socioambientais, estimulando-os a incorporar princípios e critérios de gestão ambiental nas atividades administrativas, por meio da adoção de ações que promovam o uso racional dos recursos naturais e dos bens públicos, o manejo adequado e a diminuição do volume de resíduos gerados, ações de licitação sustentável/compras verdes e ainda ao processo de formação continuada dos servidores públicos.

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